Justiça manda
McDonald's ajustar jornada de trabalho e garantir salário mínimo
Decisão abrange cerca de 600 lojas que empregam em torno de 42 mil
funcionários no país
A Justiça do Trabalho
determinou que a Arcos Dourados, que representa a rede de fast food McDonald's,
promova ajustes na jornada de trabalho de seus funcionários para assegurar o
pagamento de ao menos um salário mínimo por mês. A cadeia de restaurantes
também deve permitir o consumo de alimentos trazidos de casa, em vez de obrigar
os trabalhadores a escolher entre as opções do cardápio da loja. Na
quinta-feira, o Judiciário vai negociar, em conjunto com a Procuradoria Geral
do Trabalho (PGT), a cobrança de uma multa por danos morais coletivos a Arcos
Dourados que pode chegar a R$ 50 milhões.
"Carece de amparo legal
a conduta da empresa em proibir que os empregados levem refeições de casa,
obrigando-os a consumir os sanduíches produzidos em suas lojas", diz a
liminar concedida por Virgínia Lúcia de Sá Bahia, juíza titular da 11ª Vara do
Trabalho do Recife. "Entendo que em risco está a segurança alimentar dos
empregados que são obrigados a trocar ao menos uma refeição diária por fast
food, o que implica prejuízos para a saúde, conforme fartamente advertido por
médicos e nutricionistas."
De acordo com a procuradoria do
Trabalho, a decisão abrange cerca de 600 lojas, que empregam um total de 42 mil
funcionários. A ação judicial começou no ano passado e, inicialmente, obrigou
apenas os restaurantes da rede em Pernambuco a modificar os contratos de
trabalho. De lá para cá, o Ministério Público tentou negociar com a empresa um
Termo de Ajuste de Conduta (TAC), no qual a companhia assumiria o compromisso
de evitar algumas práticas.
Segundo a PGT, a empresa adota uma jornada "móvel
variável", comprometendo-se a pagar o valor por hora se o funcionário
cumprir até oito horas diárias. "A prática faz com que o empregado esteja,
efetivamente, muito mais tempo à disposição da empresa do que as oito horas de
trabalho diárias previstas nos contratos 'normais' de trabalho, além de não
garantir o pagamento sequer de salário mínimo", diz nota divulgada pela
PGT.
Com a decisão, a Justiça estende para todo o país os efeitos da
liminar que afetava apenas Pernambuco. Na liminar, a magistrada impõe multa
mensal de R$ 3 mil para cada funcionário proibido de levar comida de casa.
A Arcos Dourados negou ilegalidades. Em nota, disse ser
"reconhecida por suas boas práticas trabalhistas e por cumprir todas as
normas e legislações do País". De acordo com o comunicado, a empresa
"cumpre o pagamento de todas as horas em que o funcionário está à disposição
no restaurante, desde o momento em que chega até o que sai" e que isso é
registrado por meio de "sistema de ponto eletrônico biométrico". Em
relação à comida de funcionários, a companhia disse que oferece "refeições
de qualidade, nutricionalmente equilibradas, conforme as condições
especificadas". A Arcos Dourados informou, por último, que "vem
mantendo um diálogo de mútua colaboração
com o Ministério Público do Trabalho."
Fonte:ZH
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