quinta-feira, 4 de abril de 2013

Milhares de pessoas protestam em Porto Alegre contra o aumento da passagem

Este foi o sétimo protesto realizado desde janeiro contra o reajuste que elevou a tarifa de R$ 2,85 para R$ 3,05

Milhares de pessoas lotaram as ruas do centro de Porto Alegre (RS) na noite desta segunda-feira (1) para protestar contra o aumento da passagem de ônibus. Foi o sétimo protesto realizado desde janeiro, quando começaram as mobilizações contrárias ao reajuste da tarifa – que foi sancionado pela prefeitura no dia 21 de março e entrou em vigor no dia 25 de março, elevando o valor de R$ 2,85 para R$ 3,05.

O ato desta segunda-feira foi o que contou com maior número de manifestantes. A Brigada Militar estima que foram mais de quatro mil pessoas nas ruas, enquanto integrantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público falam em cerca de dez mil participantes.




Segundo os manifestantes, protesto reuniu 10 mil pessoas em Porto Alegre - Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21   

Descontando as marchas de abertura do Fórum Social Mundial Temático de 2012 e do Fórum Social Mundial Palestina Livre, a cidade não recebia uma manifestação tão grande desde março de 2011, quando mais de duas mil pessoas foram às ruas para protestar contra o atropelamento em massa de ciclistas feito pelo funcionário do Banco Central Ricardo José Neis.

Convocado pelas redes sociais, o protesto teve início às 18h em frente à prefeitura. Bandeiras de partidos políticos como PSTU, PSOL — além de entidades relacionadas a essas siglas, como o movimento Juntos (PSOL) e a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (ANEL, ligada ao PSTU) — se misturavam a cartazes e emblemas de outros grupos e coletivos autônomos e apartidários como o Movimento Revolucionário, o assentamento urbano Utopia e Luta e as tradicionais bandeiras pretas e vermelhas dos anarquistas. Também havia um imenso número de pessoas que não tinha vínculo com nenhum movimento ou coletivo e levavam cartazes individuais com mensagens de protesto.



Questionado sobre a quantidade de efetivo, a Brigada Militar não informou - Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Agentes da Guarda Municipal estavam posicionados dentro do prédio da prefeitura, enquanto soldados da Brigada Militar patrulhavam os arredores. Ao final do protesto, a reportagem do Sul21 questionou a Brigada sobre a quantidade de efetivo deslocada na operação e foi informada de que o contingente foi “o suficiente”. “Não vou comentar, é uma informação reservada”, respondeu um oficial. A reportagem contou, pelo menos, cerca de 50 soldados do batalhão de choque que acompanhavam o cortejo.
Às 18h40, os ativistas se retiraram da praça Montevidéu, em frente à prefeitura, e iniciaram a marcha pela avenida Júlio de Castilhos. A primeira parada ocorreu no terminal Rui Barbosa, onde se localiza o Camelódromo. Neste momento, os discursos na Kombi branca que transportava os autofalantes relembraram os 49 anos do golpe de 1964.
Os jovens deram uma volta pelo terminal e retornaram à Júlio de Castilhos, por onde seguiram até o túnel da Conceição. Os manifestantes optaram por passar por dentro do túnel, que se converteu em uma espécie de festa com a chegada da batucada. Quem estava no viaduto, observando o cortejo de cima, podia perceber que, enquanto a ala dianteira da marcha ingressava no túnel, a parte final recém começava a sair da avenida Júlio de Castilhos.
Após a saída do túnel, quando chegaram ao início da rua Sarmento Leite, os ativistas liberaram uma das pistas da via para permitir a passagem de uma ambulância, que havia ficado presa no congestionamento gerado pelo protesto. Em seguida, o grupo permaneceu em silêncio durante a passagem pelo hospital Santa Casa, junto à Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
Os manifestantes retornaram pela avenida Salgado Filho até a esquina com a avenida Borges de Medeiros, por onde seguiram até o Largo Zumbi dos Palmares, na Cidade Baixa. Lá, realizaram uma assembleia de encerramento do ato e confirmaram a organização de um novo protesto para esta quinta-feira (4), em frente à prefeitura.



Manifestantes se concentraram em frente à prefeitura, depois saíram em macha - Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Diferentemente do último ato, no dia 27, quando houve conflito entre os manifestantes e a polícia, desta vez o protesto ocorreu sem maiores transtornos. A marcha seguiu de forma pacífica até o Largo Zumbi dos Palmares. Em alguns momentos, um grupo — que seguia à frente do carro de som e das faixas posicionadas no início da caminhada — soltava rojões, que eram vaiados pela maioria dos ativistas. 
Um dos integrantes desse grupo que estava na dianteira da marcha chegou a investir, a socos, contra uma agência do banco Bradesco e um contêiner de lixo na avenida Júlio de Castilhos, sendo igualmente vaiado por outros manifestantes.
 Foi confirmado, ainda, que o fotógrafo Ronaldo Bernardi, do jornal Zero Hora, foi alvejado com um ovo no rosto. Ao longo do percurso, os jovens picharam muros, paredes e ônibus com mensagens que exigem a revogação do aumento da passagem.
Fonte: Brasil de Fato

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