terça-feira, 23 de outubro de 2012

A educação no RS não precisa de reformas, necessita de investimentos e de democracia.  
A reforma do ensino médio, colocada em prática no Rio Grande do Sul exclusivamente para atender o mercado, foi discutida na tarde desta sexta-feira 19 na Conferência Estadual de Educação promovida pelo CPERS/Sindicato. O encontro, que está sendo realizado no hotel Embaixador, em Porto Alegre, continua no sábado 20 com a apresentação e discussão de resoluções.
 
O ensino médio foi abordado em palestra da professora Elisabete Zardo Búrigo, da UFRGS. A proposta apresentada pela Secretaria da Educação coloca em segundo plano temas como a valorização profissional e investimentos na infraestrutura das escolas. A prioridade é dada para o currículo, voltado, sobretudo, a contemplar a necessidade de formação de mão de obra.
 
Segundo Elisabete, a partir dos anos 1990 houve um encolhimento industrial o que provocou o crescimento do setor de serviços. O trabalho formal reduziu e aumentou a informalidade. Aqueles que se mantiveram no mercado passaram a operar várias máquinas, acumulando tarefas. Essa sobrecarga de trabalho teve como consequência o aumento da produtividade e, consequentemente, do lucro.
 
Neste período, o ensino também sofreu uma expansão. Isso aconteceu devido à permanência do aluno no ensino fundamental e pela redução no número de postos de trabalho. O ensino médio passou a ser requisito para se conseguir emprego. “O ensino médio deixa de ser direito e passa a ser obrigação”, observa Elisabete. É quando se verifica um aumento no percentual de alunos que estudam e trabalham. Mesmo assim existe um elevado número de jovens entre 16 e 24 anos sem espaço no mercado. 
A proposta apresentada pela Secretaria da Educação tem entre os seus problemas a falta de democracia. Ela não foi discutida com a comunidade escolar, sendo implantada de cima para baixo.
Toda a alteração do currículo, sua divisão em parte geral e parte específica e a destinação de parte de carga horária voltada a projetos e estágios estão condicionados à formação de mão de obra semiqualificada e barata, acentuando a desigualdade social, pois os filhos dos ricos continuarão tendo direito a uma formação que contemple todas as áreas, enquanto os filhos dos trabalhadores estão sendo preparados para servir ao mercado.
João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato
Foto: André Ávila

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