Centrais também traem
trabalhadores: desistem de lutar contra o fator previdenciário
Depois de mais de dez anos de mobilizações e manifestações,
as cinco maiores centrais sindicais do país (CUT, Força Sindical, UGT, CTB e
Nova Central) desistiram de lutar contra o fator previdenciário, dispositivo
criado em 1999 que calcula o benefício das aposentadorias do Instituto Nacional
de Seguridade Social (INSS) conforme alíquota e tempo de contribuição, idade do
trabalhador e expectativa de vida do segurado no ato da aposentadoria. O
anúncio foi feito ontem na sede paulista da CUT com presença de dirigentes das cinco
centrais. As lideranças sindicais do país sempre consideraram o fator um
instrumento que reduz os valores pagos ao trabalhador que se aposenta, mesmo
assim decidiram apoiar votação imediata no Congresso de emenda substitutiva do
Projeto de Lei 3.299/2008, de autoria do deputado Pepe Vargas (PT-RS). A
matéria modifica o cálculo da Previdência Social, mas mantém o fator
previdenciário de forma reduzida. O texto enfatiza principalmente a fórmula
85/95: quando a soma do tempo de contribuição e da idade resultarem em 85 anos
para mulheres e 95 para homens é garantida a aposentadoria integral, sem
incidência do fator. Representantes de cada uma das centrais se encontram com o
ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto
Carvalho, para entregar uma carta exigindo audiência com a presidente Dilma
Rousseff e a colocação imediata em votação no Congresso do substitutivo que
trata do assunto. "Estamos sendo pragmáticos, queremos criar condições de
o trabalhador perder menos. É uma alternativa ao fator. Somos sindicalistas,
estamos acostumados a negociar, achamos que temos condições de garantir perdas
menores", disse Vagner Freitas, presidente da CUT. Para o deputado Paulo
Pereira da Silva (PDT-SP), a manutenção do fator previdenciário é um risco para
o próprio governo, pois estimula uma avalanche de ações judiciais. "O
trabalhador perde direitos com o fator, tem sua aposentadoria reduzida. Se os
benefícios continuarem sendo pagos com o fator, até o fim do ano que vem serão
R$ 71 bilhões de perdas que poderão ser cobradas judicialmente no futuro. É um
rombo maior que o FGTS do Plano Collor", ponderou Paulinho. Vagner Freitas
disse que se houver acordo com o governo, e o substitutivo de Pepe Vargas for
votado, orientará os mais de 3,4 mil sindicatos filiados à CUT a não
"judicializar" o fator previdenciário. "Cada cidadão tem direito
de cobrar direitos perdidos, mas nossa orientação é por não judicializar".
O governo já vem sinalizando que não tem interesse na votação da proposta. Na
semana passada, as centrais publicaram carta de repúdio pelo fato de o
substitutivo ter saído da pauta de votação do Congresso. Mesmo após ter
aprovado, no começo do ano, uma comissão de parlamentares representantes dos
trabalhadores e do setor patronal para estudar a questão, o presidente da
Câmara, Marco Maia (PT-RS), declarou, também na semana passada, que o governo
"ainda costura" avaliação sobre mudanças na lei previdenciária.
editor Saúde&Previdência
Nenhum comentário:
Postar um comentário