Lacunas
que afetam as mulheres na equidade de gênero
Por Iêda Novais,
diretora da KPMG no
Brasil e integrante do Conselho Consultivo da Rede de Mulheres Líderes pela
Sustentabilidade
Nos últimos 30 anos, as mulheres vêm obtendo
importantes conquistas na equidade de direitos em relação aos homens. Esta é
uma tendência que tem um indício interessante: em 2012, pela primeira vez na
história, todos os países que participaram das Olimpíadas levaram ao menos uma
mulher entre seus representantes para Londres. Apesar dos avanços, a equidade
de gênero ainda está longe de ser atingida.
Para estimular os debates sobre o tema e apontar
soluções, a KPMG lançou o relatório Bridging the gender gap – Tackling women´s
inequality ("Preenchendo a lacuna entre gêneros – Combatendo as
desigualdades contra as mulheres"), que traça uma análise dos problemas
enfrentados pelo sexo feminino desde antes da concepção, passando pela
infância, vida adulta e terceira idade.
De acordo com a ONU, as mulheres são responsáveis por
66% do trabalho do mundo, produzem 50% dos alimentos e constituem quase a
metade do grupo de estudantes universitários. No entanto, ganham apenas 10% do
rendimento global e possuem somente 1% de todas as propriedades.
O relatório da KPMG aborda questões que contribuem
para a inequidade e considera soluções existentes e potenciais, com base em
pesquisas realizadas em todo o mundo. A valorização da participação da mulher é
fundamental para o crescimento sustentável dos países, pois: restrições no
trabalho feminino podem reduzir em até dois pontos percentuais o crescimento
anual do PIB de um país; a produção agrícola cai pelo fato de as produtoras não
terem acesso a crédito ou à propriedade da terra; e a dependência econômica em
relação aos homens restringe sua capacidade de decidir pela prática do sexo
seguro.
Para reverter diferenças, o documento sugere a adoção
de compromissos políticos firmes, o que acaba sendo, por si, um problema diante
do fato de que apenas 20% dos parlamentares de todo o mundo são mulheres.
Como país em desenvolvimento, o Brasil enfrenta
consideráveis disparidades nas questões de gênero. Entre 128 nações avaliadas,
ocupa a 48ª posição no ranking de oportunidades econômicas para mulheres
(Women´s Economic Opportunity Index 2012). Fica atrás de Uruguai (39ª
colocação), México (41ª) e Chile (42ª), e à frente de Argentina (50ª), Peru
(56ª), Colômbia (58ª), Rússia (66ª) e China (68ª). A lista é liderada pelos
nórdicos Suécia (em 1°), Noruega (2°) e Finlândia (3°).
Apesar de termos avançado na equidade entre os sexos,
especialmente depois da Constituição de 1988, ainda enfrentamos diferenças que
pesam contra as mulheres, como as desigualdades salariais, limitações na
carreira feminina, ou a sub-representação política.
O relatório conclui que, para alcançar a paridade
econômica, cultural e social entre os sexos, é necessário que líderes
políticos, agências multilaterais, empresas, mídia e sociedade se esforcem para
que sejam adotadas medidas decisivas e dedicadas à reversão dos quadros de
desigualdade.
Fonte: www.espacovital.com.br
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