O mensalão e a reforma da Previdência
ALBERTO LEDUR
ALBERTO LEDUR
Os
servidores públicos estão se mobilizando, com ações concretas e uma campanha em
nível nacional, para buscar a anulação da reforma da Previdência, aprovada pela
Câmara dos Deputados em 2003. A iniciativa encontra amparo na decisão do
Supremo Tribunal Federal em relação à ação penal 470, conhecida como mensalão,
que trata da compra de votos de parlamentares. Ao admitir que houve compra de
votos, fica caracterizado que o processo teve um vício formal.
Representantes dos mais de 30
sindicatos e associações de servidores públicos federais já estão questionando
a validade da reforma, num movimento que deve ser ampliado e fazer parte das
pautas de reivindicações dos servidores em Brasília. A estas devem se somar
outras entidades representativas de servidores municipais e estaduais.
Atualmente, quatro Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adin) questionam a
validade da votação.
O tema não é novidade. Chegou
a ser citado por ministros do STF durante o julgamento do mensalão. O Supremo
chegou a reconhecer que líderes de bancadas receberam dinheiro para votar a
Emenda Constitucional da Reforma da Previdência, votos que foram essenciais
para a aprovação da PEC 40/2003 em primeiro turno, o que caracterizaria, segundo
os ministros, inconstitucionalidade formal.
O próprio presidente do STF,
ministro Joaquim Barbosa, afirmou não haver dúvida de que houve compra de votos
de parlamentares na casa dos R$ 55 milhões, para aprovar projetos de interesse
do governo, entre eles o da reforma da Previdência.
Entendemos que da mesma forma
como o STF se colocou em relação ao mensalão, terá que ter coerência e se
posicionar também sobre esta questão. Não há como admitir que houve compra de
votos e manter as decisões que foram aprovadas com esses votos. A anulação da
reforma da previdência é, portanto, uma consequência lógica da condenação dos
réus. Negar a anulação da reforma da Previdência seria corroborar os argumentos
da defesa, de que se tratou de um julgamento político.
Diversos encaminhamentos já
estão sendo tomados por diferentes categorias e movimentos. A campanha será
fortalecida e a expectativa é de que, em nome da lógica, da coerência e da
justiça, a reforma seja anulada e os direitos restabelecidos.
ALBERTO LEDUR é secretário de comunicação da CUT/RS e presidente do Sindicato dos Servidores do Ministério Público do RS
* Artigo publicado pelo jornal Zero Hora, edição de 06 de fevereiro de 2013
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