Cpers revela que 54,1% dos estabelecimentos não têm ou não sabem se possuem um plano contra incêndio

A maior lacuna está na Região
Metropolitana, que apresenta em algumas instituições carência de até dez
professores. O estudo foi feito por amostragem, utilizando informações
repassadas pela direção de 355 escolas, de um universo de 2.684
estabelecimentos de ensino.
Outro ponto preocupante diz respeito ao
Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), pois 54,1% das escolas não têm ou
não souberam responder se contam com um - foram 38% sem plano e 16,1% que
desconhecem sua existência. A maioria destes estabelecimentos (52,6%) atende a
alunos do Ensino Fundamental. Os dados foram coletados nos dias 26, 27 e 28 de
fevereiro de 2013.
“Contratamos o levantamento no início
do ano letivo para denunciar a situação da educação no Estado. As escolas estão
um caos. O governo teve dois meses para arrumar os estabelecimentos e muitos se
encontram sem condições de funcionar. A pesquisa mostra que em 66,48% deles
algum setor, serviço ou espaço não funciona, seja por falta de recursos humanos
ou infraestrutura”, critica a presidente do Cpers, Rejane de Oliveira. Em
28,17% das escolas, são as bibliotecas que não funcionam, e, em 27,04%, os
laboratórios de informática.
No início do ano letivo estadual na
Capital, no dia 27 de fevereiro, pelo menos cinco escolas tiveram problemas com
a falta de professores. Mesmo assim, o titular da Secretaria Estadual de
Educação (Seduc), Jose Clovis Azevedo, garantiu que não existe déficit de
docentes, mas, sim, problemas nos contratos emergenciais.
O levantamento revela ainda que em
45,1% das unidades existe falta de funcionários. “Os que continuam nas escolas
estão sobrecarregados, e em 13,5% dos estabelecimentos existe excesso de
alunos. O governo ainda tomou a decisão de juntar os estudantes reprovados e os
aprovados, passando de ano todos automaticamente, para mudar o alto índice de
reprovação. Isso é uma política de faz de conta”, diz Rejane.
Segundo a dirigente sindical, o Estado
mantém essa situação quando manipula os concursos públicos para que os
trabalhadores não sejam aprovados. Sobre a falta de infraestrutura, Rejane
relata que muitos estudantes estão sendo realocados em galpões, pois as salas
de aula estão precárias.
A vice-presidente do Cpers, Neida de
Oliveira, afirma que o levantamento sobre a existência de PPCI foi feita com o
auxílio de um engenheiro, que constatou também diversos problemas de infraestrutura,
como fios soltos e botijões de gás acomodados de forma inadequada. “Achamos um
escândalo que mais da metade não tenha o plano ou não saiba se tem. Estamos
fazendo a nossa tarefa, pois nossos alunos estão correndo um grande perigo
dentro das escolas”, ressalta.
“Tudo isso é verdade”,
admite Tarso Genro
O governador do Estado se manifestou à
tarde sobre os dados apresentados pela representação sindical dos docentes
estaduais. Tarso Genro salientou que não tinha conhecimento detalhado do que
foi apresentado, mas não negou os problemas. “Eu não vi o levantamento do
Cpers, mas tudo isso é verdade. É um legado de desmandos que recebemos. Colocar
em dia tudo isso leva tempo. O importante é que esse ‘em dia’ já começou”,
afirmou.
Para o secretário de Educação, porém, o
estudo não pode ser considerado definitivo. “Embora possa ser uma amostragem, a
pesquisa não tem metodologia para captar a realidade da rede pública”, observou
Jose Clovis Azevedo.
Em meio a cobranças,
governo do Estado celebra ações na área
Juliano Tatsch
Após uma manhã em que a representação
dos professores estaduais cobrou a falta de docentes e de funcionários nas
escolas, o governo do Estado realizou na tarde de ontem a entrega simbólica dos
primeiros 30 tablets para os 22 mil professores efetivos do Ensino Médio e de
dois dos 27 tratores para cada uma das escolas técnicas agrícolas estaduais. A
cerimônia, que aconteceu no salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini,
lotado, foi um grande ato político da gestão estadual.
Em meio a homenagens aos estudantes
vencedores das Olímpiadas Escolares nas áreas de Matemática e Língua
Portuguesa, o secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, e o
governador Tarso Genro saudaram as iniciativas do Piratini em prol da educação,
destacando os avanços obtidos durante o atual governo em relação aos
anteriores.
Conforme Azevedo, até abril, serão
concluídas 1.050 obras emergenciais em escolas. “Recebemos a rede, em 2011, em
estado precário, com mais de mil escolas em emergência. Estabelecemos uma
política de recuperação. Tínhamos processos emergenciais com carimbo de 2003
parados”, afirmou. A defesa do projeto atual também foi enfática por parte do
governador. “Não é correto exigir que outros governos fizessem o que estamos
fazendo, pois isso seria borrar as nossas diferenças. É uma vergonha a forma
como recebemos as escolas no Rio Grande do Sul, com emergências há oito anos
sem resposta. As decisões que tomamos significam uma mudança no projeto
político para o Estado”, disse Tarso, que utilizou como exemplo da mudança de
visão do governo a não renovação de concessões de pedágios para a iniciativa
privada.
Um tema delicado para o governo, o piso
nacional do magistério, também foi abordado. Segundo Tarso, desde o início, se
definiu que seria necessária uma política que visasse ao pagamento do piso
nacional até o final do mandato, em 2014. O governador também ressaltou o plano
de reajuste aprovado na assembleia no ano passado. “Desafio qualquer governo
que tenha negociado com os professores um aumento real de mais de 50% em quatro
anos. E é insuficiente. Estamos sacrificando outras áreas para responder a essa
questão chave”, enfatizou.
A realização de grandes reformas em
1.028 escolas, sendo 524 na primeira fase, com investimentos de mais de R$ 1,5
milhão em cada uma foi celebrada por Azevedo. Conforme ele, a entrega de
tratores para as escolas agrícolas também é um marco da valorização da área.
“Há duas décadas nossas escolas agrícolas não recebiam um trator. Cada uma
delas irá receber um novo”, observou.
Azevedo ressaltou que escolas
reformadas e novos equipamentos precisam resultar em melhorias na aprendizagem.
Para o secretário, o grande desafio é “desnaturalizar a repetência”. “Não
podemos conviver com 21% de repetência na nossa rede. Nenhum país do mundo
aceitaria isso. Isso só ocorre em um país com cinco séculos de exclusão. Não
podemos ter uma escola que legitima a exclusão.”
Fonte: Jornal do Comercio
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