terça-feira, 30 de julho de 2013

Quem paga as contas do Professor?

CIRCE MARIA MONDADORI LISIAK

A sociedade sabe que os educadores da rede estadual não conseguem sobreviver com os vencimentos que recebem. O drama que a maioria da classe vive é realidade crucial e desesperadora. Inúmeros deles optam por fazer trabalhos informais para suprir suas necessidades e honrar suas contas no final do mês. O custo de vida é elevado também para os docentes, que a exemplo dos demais profissionais, também precisam alimentar-se, vestir-se, pagar aluguel, gás, energia elétrica, telefone, água, medicamentos, material de higiene, material escolar, transporte, e outros. Com o salário atual, torna-se impossível equacionar uma conta, onde as despesas são infinitamente maiores do que a receita.

O Professor, nas últimas décadas, foi o mais sacrificado e desrespeitado dos profissionais. Os salários perderam o poder aquisitivo, impedindo-os de capacitarem-se ou especializarem-se, adquirir livros e computador com a miséria que percebem. Entra governo e sai governo e a cruel realidade continua. Administradores eleitos esquecem-se das promessas eleitorais e negam-se a honrar o piso estabelecido por lei federal. Os professores continuam discriminados e humilhados, todos os dias, exatamente onde se encontra a base para a condução das crianças rumo à cidadania plena.

Enquanto os educadores, com singular e inigualável dignidade, desempenham junto ao educando, um magnífico trabalho de natureza transformador, distribuído nas disciplinas através das quais desenvolvem a compreensão de cidadãos conscientes, ajudando-os na construção e reconstrução de conceitos de valores como: caráter, honestidade, solidariedade, respeito, autenticidade. Valores imprescindíveis, eis que os levam a construir responsabilidades para serem futuros gerenciadores das próximas gerações da nossa sociedade, questiona-se: A quem interessa investir em educação? Até quando apostar na ignorância do povo vai valer a pena para quem usufrui das benesses do poder, se para nele chegar, alguns candidatos mentem, prometem, firmam compromissos e iludem eleitores?
A Lei Nacional do Piso do Magistério vige desde 27 de abril de 2011 e o estado não a cumpre, fazendo com que o professor sofra humilhações de toda ordem. Este precisa cumprir as obrigações impostas pelo sistema, sendo exigido pelos governantes e cobrados pela sociedade a trabalhar com dedicação exclusiva e ministrar aulas com qualidade.

Indubitavelmente, com seu âmago despedaçado, revoltado pelo desrespeito, enquanto inexistir saída, tampouco promessa do cumprimento da Lei do Piso do Magistério, a maioria da classe toma mais uma atitude corajosa e nobre: Persevera na luta e paralisa as atividades por 03 dias, neste abril/2013! Por conseguinte, conclama-se a sociedade  para que conheça e reflita sobre o momento circunstancial de miserabilidade do profissional, motivo da paralisação, o que não é um escândalo, é solução. Se não houver providências urgentes para reverter esta realidade caótica, logo veremos docentes de excelente competência, fazendo “bicos” para garantir a sobrevivência.

O Professor, este grande agente transformador do mundo precisa e deve ter seu mérito destacado na sociedade. Para tanto, a primeira mudança que precisa acontecer é o reconhecimento da sua importância, pagando-lhe remuneração justa. A partir disso, acontecerá a grande e esperada revolução na Educação brasileira. E uma vez garantidos os direitos estabelecidas condições condignas de ministrar aulas e enriquecer o conhecimento de nossos filhos deste estado e país, acontecerá educação qualitativa em todos os segmentos do conhecimento aos alunos, que melhores preparados, ajudarão a fundamentar e qualificar uma nova nação civilizada  -  O Brasil que todos sonhamos ter!

CIRCE MARIA MONDADORI LISIAK é professora
Artigo publicado na Folha Espumosense de 27 de abril de 2013

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