sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

NOTA DE REPÚDIO


A CUT PODE MAIS, campo político interno da Central Única dos Trabalhadores, que aglutina diversos grupos políticos organizados, além de dirigentes sindicais independentes, vem através deste documento expressar o seu repúdio frente ao convite da Direção da CUT dirigido a Delúbio Soares, ex-dirigente sindical condenado no processo conhecido como “Mensalão”, para que o mesmo desempenhe funções políticas e remuneradas nesta central sindical.

Esta é apenas mais uma expressão da política equivocada que o campo político majoritário na CUT, liderado pela Articulação Sindical, vem implementando. Não suficiente o absurdo de tal decisão, impressiona ainda mais a intenção de delegar a tarefa de organização sindical e a responsabilidade de elaboração de projetos para captação de recursos ao contratado, ou seja, delegar a este o planejamento e execução de políticas estratégicas da ação sindical da central.

Delúbio Soares representa tudo aquilo que repudiamos, enquanto dirigentes cutistas e lutadores sociais, a falta de ética no exercício de funções. Representa todo o processo de degeneração que vem invadindo as ferramentas de luta construídas pelos trabalhadores, caracterizado por negociatas, jogos de interesses partidários e cooptação para garantir a governabilidade de governos que se renderam ao capital, tudo isto em nome de interesses que não são os dos trabalhadores. Isto vem manchando a história desta central e não podemos calar frente a contratação de Delúbio, que se converte em mais um ato de desvio ético e esvaziamento ideológico da CUT.

Vivemos tempos complexos que exigem do movimento sindical um constante exercício de aprofundamento e revisão sobre o seu papel. É preciso lutar sistematicamente contra os valores e práticas que, a serviço do capital, invadem e degradam a essência das organizações sindicais, outrora críticas destas mesmas ações políticas, impedindo o avanço da luta pela transformação da sociedade.

Uma das causas principais disto, que vem sendo denunciada pela CUT PODE MAIS, repetidas vezes, em todas as instâncias de debates e de definição de políticas na CUT, deriva da interferência de partidos e governos nas políticas desta central rompendo com o princípio de autonomia e independência do movimento sindical. 
Além disto, a corrente majoritária, a Articulação Sindical, em conjunto com seus aliados políticos, vem tentando implementar na CUT uma política de conciliação de classes e de acomodação contra a qual expressamos a nossa profunda discordância, seja do ponto de vista do método, quanto de concepção.

A CUT PODE MAIS seguirá lutando no sentindo de garantir o resgate das bandeiras históricas dos(as) trabalhadores(as), a luta contra a exploração, no combate a desigualdade sócio-econômica, contra todas as formas de opressão, pela garantia e ampliação dos direitos e, principalmente, para que a CUT, de forma autônoma e independente de partidos e governos, cumpra com seu verdadeiro papel político ideológico na defesa dos interesses da classe trabalhadora. 

Porto Alegre, 05 de dezembro de 2013.

Membros da Direção Estadual da CUT/RS pela CUT PODE MAIS
Rejane de Oliveira, Alberto Ledur, Paulo de Farias, Francisco Magalhães, Claudio Augustin, Marco Leal, Daniela Peretti, Elton Lima, Marizar Mansilha, Tatiane Rodrigues, Cristina Feio de Lemos e Afonso Martins

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