quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Uma luta de classe

                                                     REJANE DE OLIVEIRA*
A categoria dos rodoviários, nas idas e vindas do seu trajeto, ou da linha a ser cumprida, como diriam eles, cumpre um importante papel para a população. Mais do que isso: ao conduzir a classe trabalhadora para o seu local de trabalho, estabelece uma relação de trabalhador para trabalhador. Nas idas e vindas, conduzem a população com o olhar de classe operária, com o olhar de solidariedade para os idosos e para os portadores de necessidades especiais. Inúmeras mães e inúmeros pais confiam ao motorista e ao cobrador o cuidado com seus filhos, solicitando aos profissionais que os deixem, por exemplo, em frente à escola. Muitos desses trabalhadores, por questões de segurança, largam os jovens nas esquinas de acesso às suas residências, mesmo que ali não seja um ponto de parada. São trabalhadores que diariamente emitem um olhar de amigo para quem sai de casa desesperançado e retorna cansado. Muitas vezes, esse é o único sorriso ou único bom-dia para alguns que amargam sua solidão. Sem dúvida, os rodoviários fazem parte da vida do povo brasileiro.

Portanto, é necessário compreender a greve desencadeada pela categoria no município de Porto Alegre. Uma luta contra o poder dos empresários, contra uma classe dominante que enriquece explorando os trabalhadores e o povo em geral com absurdos aumentos nas passagens. A luta dos rodoviários tem uma função estratégica para a luta de classe. Uma greve geral só é possível com a mobilização desses trabalhadores. Eles não lutam apenas por melhores salários e por condições dignas de trabalho, lutam, também, contra qualquer tipo de reajuste nas passagens. É neste cenário que a greve dos rodoviários toma  toda essa importância. É a greve do povo contra governos e empresários; contra a política de atrelamento aos patrões promovida pela atual direção do sindicato. A oposição, liderada por Afonso Martins e por aqueles que querem lutar, com um olhar atento e comprometido com os trabalhadores, não permite que armadilhas e manobras da falsa negociação derrotem a categoria.
É a greve
do povo
contra
governos e
empresários






 
As tentativas de enfraquecer a força do movimento, delegando a disputa entre partidos, ou de uma direção de fora da categoria, são feitas por quem está com medo do empoderamento e da consciência de uma categoria que se move pelas vias públicas e nos corações e mentes da população. Uma luta que tem o apoio do movimento sindical de esquerda e do Bloco de Lutas, que pregam a valorização salarial, a redução da jornada de trabalho dos rodoviários, o não aumento de passagens e a garantia de um transporte público com qualidade para a população. As lutas de 2014, no Rio Grande do Sul, iniciam-se protagonizadas pela classe operária, pelos valorosos rodoviários. O movimento sindical tem lado nesta batalha: o do trabalhador. Os rodoviários cumprem, neste momento, o seu papel na história. “A prática é o critério da verdade.” A prática e a verdade da categoria dos rodoviários é a luta.

*Presidente do Cpers/Sindicato
Fonte: Z H

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