terça-feira, 8 de abril de 2014

Os cuidados com o portador de doença de Parkinson - Fase "leve" da doença

 
Inicialmente, quero lembrar que a DP, apesar de progressiva e sem cura, possui tratamento e é perfeitamente compatível com uma vida produtiva e saudável. Caso você tenha a doença ou tenha sido diagnosticado recentemente com ela, não se envergonhe ou esmoreça. Pense que agora você tem mais um obstáculo a superar, e precisamos de obstáculos todos os dias, ou nossa vida fica vazia. Tenho vários pacientes com a doença, a maior parte muito bem e produzindo, cuidando de casa, dos filhos, do cônjuge, dando aulas, passeando, viajando, trabalhando, divertindo-se e sendo feliz.

 
A doença de Parkinson (DP) é didaticamente dividida em fases para melhor estudo e compreensão, apesar de que clinicamente estas fases na verdade não existem, e a doença evolui continuamente. 

A DP caracteriza-se por tremor de repouso (mas muitos pacientes podem não ter tremor), rigidez (endurecimento das articulações) e bradicinesia (lentidão). Há à medida que a doença avança instabilidade postural, ou seja, risco de queda quando o paciente fica em pé, anda ou vira. 

No início da doença, em geral não há muita limitação e incapacidade, e esta "fase" pode durar vários anos, dependendo das características individuais de cada doente e do tratamento utilizado. Os pacientes apresentam tremor de repouso que pode atrapalhar (ou somente incomodar) as atividades diárias e o trabalho, além de alguma lentidão e rigidez. A marcha ainda é normal, e quedas são raras no início. Caso haja quedas frequentes nessa fase, diagnósticos outros além de DP devem ser pesquisados. 

É nessa fase que devemos iniciar, tão logo quando possível, o tratamento não medicamentoso, com fonoaudiologia, fisioterapia com treino de marcha e equilíbrio e terapia ocupacional, pois há registros variados na literatura do benefício destes tratamentos na evolução da doença (link). O tratamento fisioterápico e a terapia ocupacional visam criar vias funcionais dentro do cérebro, fortalecer os músculos abdominais e lombares, fortalecer as pernas e permitir uma melhor adequação do paciente às limitações variadas que irão ocorrer com o passar dos anos. 

A fonoaudiologia permite melhorar a fala na DP, que apresenta-se mais baixa e muitas vezes entrecortada, e auxiliar no exercício de deglutição para evitar engasgos, que podem ocorrer com a evolução da doença. 

O sono na DP pode apresentar-se perturbado desde o início do quadro, e insônia, sono agitado, sono entrecortado e sonhos com movimentos em excesso durante o sono (distúrbio do comportamento do sono REM) podem ocorrer, e devem ser discutidos com o médico que assiste o paciente para um tratamento adequado. 

A doença na fase leve manifesta-se, portanto, pelo início dos sintomas de tremor e/ou rigidez com lentidão. 

Para estes sintomas, há tratamento com medicações cuja indicação depende da idade, grau de incapacidade, sintoma predominante, doenças que o paciente apresenta, efeitos colaterais pregressos e preferência do médico e/ou do paciente. 

A doença pode ser apresentar em várias idades, podendo haver pacientes iniciando a doença acima dos 30 anos de idade (sim, a DP não é "doença de velho" como muitos ainda pensam). Há fatores genéticos envolvidos, e há pacientes, felizmente raramente, começando a doença com menos de 30 anos de idade. 

Entre as medicações usadas para tratar os pacientes nesta fase, e dependendo dos fatores demonstrados acima, há o biperideno, a selegilina, o entacapone, o pramipexol, a rasagilina, a levodopa, e a amantadina. Destas medicações, a mais potente é a levodopa (falaremos dela em posts futuros).

Estas medicações podem e devem ser usadas nas outras "fases" da doença a depender da evolução do quadro e da experiência do médico que assiste o paciente. Lembre-se que estas medicações somente podem ser usadas com prescrição e indicação médicas. 

O tratamento da DP começa aqui, no diagnóstico. É aqui que os cuidados devem iniciar, e não serem deixados para quando a doença estiver mais grave. Quanto mais cedo você começar a se cuidar, emagrecer, alimentar-se direito, fazer atividades físicas e iniciar o tratamento não só medicamentoso, mas também fisioterápico, fonoaudiológico e com terapia ocupacional, mais chance você tem de uma doença menos agressiva e uma evolução melhor, apesar de haver variações individuais de pacientes para paciente. 

 

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