Seminário discute e condena o Acordo Coletivo Especial
Apresentado
pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e apoiado por federações empresariais
como a FIESP e a FIERGS, o Acordo Coletivo Especial (ACE) foi discutido e
combatido em seminário realizado na tarde desta sexta-feira 10, na sede do
CPERS/Sindicato, em Porto Alegre.
O
encontro foi promovido pela CSP/Conlutas, a CUT Pode Mais, Articulação de
Esquerda Sindical e pela regional Sul da Confederação Nacional dos
Trabalhadores na Alimentação.
Tida
como revolucionária nas relações de trabalho por seus idealizadores, na
prática, a proposta estabelece que o negociado prevalece sobre o legislado, com
a negociação se dando em cada empresa. No “chão da fábrica”, sem a intervenção
do sindicato, os trabalhadores estariam fragilizados e, assim, mais propensos a
aceitar acordos que poderiam ferir a legislação.
Entre
os pontos ameaçados pelo ACE estão as férias e o adicional de um terço, o aviso
prévio e o pagamento de insalubridade e periculosidade.
A
flexibilização da legislação trabalhista invariavelmente traz prejuízos para a
classe trabalhadora. É o caso da Espanha, onde o desemprego simplesmente
dobrou. Na América Latina, em países como Argentina, Chile e Colômbia, o índice
de desemprego supera a casa dos 20%.
A crise
enfrentada pelo capital é similar a dos anos 30 do século passado e tem entre
suas consequências as elevadas taxas de desemprego e a redução de salários.
Neste cenário, as empresas não admitem ver os seus lucros reduzidos.
Embora “velha”, a legislação trabalhista brasileira ainda permite avanços superiores ao legislado nas negociações coletivas. Desta forma, a flexibilização desejada pelas empresas possibilitará o fechamento de acordos inferiores ao que a legislação determina.
Embora “velha”, a legislação trabalhista brasileira ainda permite avanços superiores ao legislado nas negociações coletivas. Desta forma, a flexibilização desejada pelas empresas possibilitará o fechamento de acordos inferiores ao que a legislação determina.
No seminário
foi denunciado que o acordo gestado no ABC paulista atende uma solicitação da
Confederação Nacional da Indústria à presidência da República.
Sem condições
políticas para apresentar um projeto com esse viés, a presidente Dilma Roussef
optou por transferir a tarefa para o presidente da Câmara, o deputado Marco
Maia (PT-RS). Para viabilizar a proposta, Maia buscou o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC.
No Rio Grande
do Sul, o ACE, onde a proposta não tem sido discutida com as bases das
diferentes categorias profissionais, o ACE foi recentemente apresentado ao
grupo RBS e à FIERGS pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC,
Sérgio Nobre.
O seminário
também apontou a necessidade de unidade dos setores público e privado contra a
medida. Projetos aprovados inicialmente para a iniciativa privada foram, mais
tarde, estendidos aos servidores públicos. A reforma da previdência é um
exemplo.
A precarização
nas relações de trabalho existentes no setor privado, também existe no setor
público, que nos últimos anos tem convivido com o aumento do número de
contratos emergenciais.
João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato
Fotos: André
Ávila
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