sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Duas palestras abrem Conferência Estadual de Educação

Duas palestras abriram na manhã desta sexta-feira 19, nas dependências do hotel Embaixador, em Porto Alegre, a Conferência Estadual de Educação promovida pelo CPERS/Sindicato. A programação continua à tarde com um painel com a professora Elisabete Búrigo, que abordará o ensino médio.

No período da manhã, o professor e diretor do Sinpro Guarulhos, Mauro Puerro, abordou a conjuntura nacional e o PNE. Em seguida, a doutora em educação Vera Maria Vidal Peroni falou sobre a relação público-privada e as consequências para a gestão democrática.

Puerro destacou o período histórico na relação capital e trabalho em que estamos inseridos. Segundo o palestrante, trata-se de um período de muita voracidade do capital em que as necessidades humanas não são supridas.

O professor enumera quatro elementos que exemplificam esse apetite do capital: transferência de recursos públicos para o setor privado; redução salarial e de direitos dos trabalhadores; demissões e aumentos de jornada; e redução de investimentos no setor público.

Conforme Puerro, o neoliberalismo age em duas mãos com o movimento sindical. O primeiro passo é a cooptação de sindicatos. Àqueles que não se submetem ao processo de cooptação são criminalizados.
 
Sobre os investimentos em educação, Puerro frisa que o setor tem recebido nos últimos anos cerca de 5% do seu PIB. Para o setor bancário o aporte tem sido bem mais generoso, algo na casa dos 23%. Disse que um professor brasileiro deveria ter seu salário reajustado em 60%, em média, para atingir um vencimento próximo ao de profissionais de outras categorias com formação similar.
 
Destacou as metas que o governo não conseguiu cumprir, entre elas, a redução em 50% da taxa de repetência e evasão, a implementação do piso salarial, a matrícula de 30% dos jovens entre 18 e 24 anos em universidades públicas, a universalização do ensino fundamental. Segundo ele, dois terços das metas estabelecidas não foram atingidas.
 
Concluiu afirmando que apenas em 2030 o Brasil deverá ingressar na faixa dos países que possuem menos de 30% de sua população em idade escolar. Alertou para o fato de o Congresso Nacional ter aprovado o investimento de 7% do PIB somente para 2017 e de 10% para 2023, incluindo nestes percentuais os gastos com aposentados e hospitais universitários.
 
 
A doutora em educação Vera Peroni pautou sua intervenção com críticas a intervenção do setor empresarial na educação. Disse que há uma certa conformidade dos educadores com o intervencionismo praticado por institutos empresarias apoiados pelos governos.
 
De acordo com ela, O PNDE escola é financiado com recursos do Banco Mundial. Um projeto que começou nas regiões norte e nordeste do país, mas que já se alastrou com certa naturalização para as demais regiões. “É a lógica do mercado entrando nas escolas”, observa.
 
Esse processo, segundo a educadora, é histórico, mas que foi rompido com a luta travada pela gestão democrática, que tem como parâmetro a escola e não as empresas. “É preocupante quando um banco diz o que a escola tem que fazer.”
 
Embora todos tenham o mesmo objetivo, Vera Peroni observa que alguns institutos recebem dinheiro público para trabalhar nas escolas, outros, no entanto, “compram” as escolas. O Unibanco, por exemplo, investe nas escolas e cobra o cumprimento de metas.
 
Em muitos casos, essa prática tem aceitação de corpos diretivos e de educadores porque o banco investe em reformas físicas e na aquisição de equipamentos, mesmo que viole preceitos da gestão democrática.
 
Vera Peroni concluiu sua palestra afirmando os professores são profissionais formadores de consciência crítica e não aqueles que trabalham com materiais replicáveis.
 
João dos Santos e Silva, assessor de imprensa do CPERS/Sindicato
Fotos: André Ávila

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