Educadora diz que pais devem denunciar escolas que não aceitam alunos especiais
A
professora municipal Karla Silva da Cunha Bastos trabalha com educação especial
há nove anos
A diretora do Instituto Municipal Helena Antipoff,
Kátia Nunes, responsável pela educação especial na cidade do Rio, disse que os
pais devem denunciar nas secretarias de educação as escolas que não aceitarem o
filho deficiente ou com doença crônica. “Se a escola não estiver preparada para
esse aluno, nós vamos prepará-la. Mas a escola hoje precisa entender que ela
deve se adaptar às necessidades da criança e não o contrário”.
Na prefeitura o professor, ao assumir
uma turma, recebe um DVD multimídia com orientações sobre como melhor atender
uma pessoa com deficiência e informando que a prefeitura oferece cursos
específicos durante todo o ano. “Também temos salas de recursos multifuncionais
com mais de 300 professores especialistas para dar suporte a esses alunos com
deficiência”.
Segundo a educadora, não existem cursos
específicos para crianças com doenças crônica, mas sim para pessoas com
deficiência. “Damos acompanhamento, suporte pedagógico, mas [no que diz
respeito às] questões mais fundamentais da saúde solicitamos que o pessoal da
saúde caminhe junto com a gente”. Ela admitiu que faltam professores, mas
informou que a prefeitura está investindo na formação de novos profissionais
para sanar o problema.
A professora Márcia Madureira, da equipe
de Coordenação de Inclusão Educacional da secretaria do Estado do Rio, admite
que faltam estrutura e mão de obra qualificada para receber esses alunos, mas
que o preconceito é uma das principais barreiras para a inclusão efetiva das
crianças e adolescentes com doenças crônicas e deficiências.
Inclusão
“O diferente sempre causa estranheza e
tratar dessas questões no ambiente escolar é fundamental para acabar com
preconceitos, por meio do conhecimento, e permitir que esse aluno possa
participar do espaço da escola e não apenas estar nele”.
Para a representante da Secretaria
Estadual de Educação os desafios são contínuos, mas a sociedade está evoluindo
no caminho da inclusão. “E nós [governo] temos que encarar esses desafios e dar
o suporte necessário e estamos trabalhando nisso”.
Para a professora municipal Karla Silva
da Cunha Bastos, que trabalha com educação especial há nove anos, a sociedade e
os governos passaram a enxergar essas crianças, que hoje têm alguns direitos
garantidos, mas o desconhecimento e despreparo ainda são grandes.
“Em uma turma com 40 alunos, com tantas
crianças, com tantos outros problemas sociais e mesmo patológicos, o crônico
acaba dando medo. O aluno chega na aula com um balão de oxigênio, por exemplo,
e o professor não sabe o que fazer. As pessoas ficam com medo de acontecer alguma
coisa com a criança e elas serem culpabilizadas”.
A professora citou o caso de uma aluna
com doença congênita na bexiga que precisava ir ao banheiro com frequência e,
toda vez que chegava um professor novo ela precisava explicar sua condição. “Em
outro caso, o aluno não podia fazer atividades físicas e o professor o chamava
de preguiçoso e ameaçava dar nota baixa. Nossa formação seja no curso normal ou
na faculdade não nos prepara para a realidade social que vivemos hoje”.
Karla acredita que é preciso um trabalho
de conscientização sobre as especificidades das crianças com doenças crônicas.
“Desde o professor, ao servente, à merendeira. Quando a criança com doença
congênita se matricular, a escola precisa receber informação sobre essa doença
e orientações”.
Fonte: http://educacao.uol.com.br
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