segunda-feira, 13 de maio de 2013

QUALQUER SEMELHANÇA...NÃO É COINCIDÊNCIA!

As razões ocultas da greve dos professores

                                                                                  Cintia Rodrigues
 
A defasagem salarial dos educadores é tamanha que, a cada greve de professores, essa passa a ser a principal pauta do sindicato e a única razão conhecida de todos para a paralisação. Quase nunca, no entanto, dinheiro é o único motivo que leva os grevistas a trocarem livros por apitos e escolas por ruas.
A greve da rede municipal de ensino de São Paulo tem (também) outras razões. O estopim não foi o agora debatido reajuste do salário, mas decisões da Secretaria de Educação que não eram esperadas de um ex-conselheiro Nacional de Educação, o secretário Cesar Callegari, e do prefeito que por mais tempo foi ministro da Educação do País, Fernando Haddad.
Em 25 de abril, portaria da pasta permitiu agrupar nas creches crianças de idades diferentes. A intenção é preencher cerca de 5 mil vagas ociosas no sistema que tem, ao mesmo tempo, outras 90 mil crianças na fila de espera. No dia 29, o assunto foi parar na imprensa e no dia 30 foi anunciada a greve que começou de fato no dia 3, com a revisão da medida entre as reivindicações.
Como já comentei, a unidade em que meus filhos estudam não tem longas filas de espera. Ao contrário, nas turmas dos mais velhos, de 4 anos, há menos alunos do que a capacidade máxima por falta de inscritos desta idade. Ainda assim, matricular nestas salas crianças de 2 ou 3 anos seria um enorme prejuízo ao trabalho dos professores – e portanto aos estudantes. Basta imaginar que uma educadora com 15 crianças de 4 anos receba duas ou três mais novas, que ainda usam fralda e precisam de ajuda para ir ao banheiro. Um desastre para todos os envolvidos.
Há outras razões que movem docentes das demais etapas de ensino. O professor e autor, Rodrigo Ciríaco, profissional respeitado por colegas e alunos, sentiu censura no contrato proposto pela Prefeitura para por fim à paralisação. Em um dos artigos exige-se que os educadores não voltem a fazer greve nos próximos três anos ou apresentem novas demandas a respeito dos itens acordados. “Governo Haddad concede reposição salarial caso professores aceitem a mordaça”, escreveu em sua página pessoal, aumentando a adesão ao movimente grevista.
Muitos dos professores que participam dos portestos foram eleitores de Haddad apenas há alguns meses. Dificilmente tinham expectativas tão diferentes das propostas de reajuste salarial, mas certamente se decepcionaram com a priorização da imagem política acima da qualidade de ensino.

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