Dois-irmonense nasceu com uma má-formação congênita e encontra no colégio mais motivos para mostrar o quanto é feliz
Novo Hamburgo - Finalizo a série Superação, apresentando Maria Wendling Brischke, 49 anos, moradora da cidade de Dois Irmãos, casada há onze anos e realizada profissionalmente como professora de Português e Alemão na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professor Arno Nienow. É justamente no colégio que Maria encontra mais motivos para mostrar o quanto é feliz. “Eu amo o meu trabalho e o que faço”, confessa. São mais de 18 anos no magistério, lidando e ajudando na formação de muitas crianças e adolescentes. “Eles também me ensinam. É uma troca muito gostosa”.
A dois-irmonense nasceu com uma má-formação congênita, que nunca fez com que ela se sentisse diferente. “Não sei como é a vida ‘normal’. Não sei como é a vida diferente desta que tenho, pois nasci assim. Nunca tive dificuldades e isso foi uma bênção, pois sempre tive o apoio da minha família e de todos que me rodeiam”.
A paixão pelo magistério foi impulsionada pelo tio e a prima, que também eram professores. Mesmo com a deficiência nos braços e na perna direita, o sorriso continuou imperando e abrindo muitas portas no caminho de Maria. “Em todas as classes que chego conto a minha história e explico detalhadamente o que aconteceu comigo. Nunca senti uma reação adversa com relação à minha deficiência, muito pelo contrário”. Na sala de aula os alunos do 9o ano são parceiros, os filhos que ela considera e ama incondicionalmente. “A colaboração deles é fantástica. Não tem como me sentir diferente aqui”, conclui.
“Sou muito feliz trabalhando”
O empenho pela vocação fez com que Maria recebesse bolsas de cursos do magistério na Alemanha. “Inclusive voltei no domingo passado de lá. Fui cinco vezes para a Alemanha. Foi uma realização enorme poder receber as bolsas e aprender muitas coisas novas”, comenta orgulhosa. “Assim posso repassar meus conhecimentos para os meus alunos”, conclui. Do amor por ensinar, vem a adoração por dançar. Maria não dispensa os finais de semana com a família e com o marido, Erno Brischke. “Sou bem festeira. Ele também é. É o nosso jeito. Gosto de sair, dançar ou então ficar em casa com toda a família reunida. Eles são o meu porto seguro e sempre me apoiam nas minhas decisões.”
Vocação dentro da sala de aula
A identificação de Maria é pelo sorriso. Ela está sempre de bem com a vida e o mundo. Durante a entrevista, realizada na última quintafeira, Maria sorri delicadamente e diz que está muito feliz. Os vinte alunos do 9o ano, típicos adolescente, da sala que a professora dá aula de Alemão e Português, estão inquietos. Todos querem ir para suas casas, afinal, o sinal já tocou. Pronto. Liberado. A correria é geral, mas alguns estudantes ficam de prontidão para ajudar a professora, que está conversando. “Se quer saber. Ela é uma ótima professora, uma das melhores”, comenta uma das alunas, que volta à sala para pegar algo que esqueceu.
A professora escuta. Para. Olha para a repórter e o fotógrafo e diz, após questionada sobre o manifesto da jovem. “É gratificante poder escutar palavras como estas. Não tenho como agradecer, só mesmo fazendo o que mais amo, que é ensinar”. Depois da entrevista, a professora recolhe com precisão suas duas agendas, a bolsa e a chave da sala. A ajuda é dispensada. Ao caminhar pelos corredores, o sorriso continua e mais uma vez ela agradece. Os dois “normais”, repórter e fotógrafo, deixam o colégio sorrindo. Tínhamos recebido naquela tarde a maior lição de um mestre, de que a vida é perfeita demais para se preocupar com pequenos problemas.
Fonte: Diário de Canoas
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