Greve dos ônibus chegou ao 15º dia nesta segunda-feira
Diante da continuidade do movimento, na sexta-feira passada, o Sindicato das Empresas de ônibus de Porto Alegre (Seopa) conquistou uma liminar determinando que a partir de hoje a entrada das garagens deveria estar liberada. Além disso, autorizava, se necessária, a atuação da Brigada Militar na desobstrução. Com a queda da liminar, a frente das empresas Viação Cavalhada Teresópolis (VCT) e na Trevo, ambas do consórcio STS, rodoviários, sindicalistas e apoiadores fizeram concentrações. As saídas em ambas estavam bloqueadas por pessoas sentadas em frente aos portões.
Reconhecendo cansaço, muitos rodoviários mostravam esperança de que as negociações com o sindicato patronal avançassem. Para um dos motoristas, que não quis se identificar, o principal ponto que precisava avançar era o banco de horas. Ao mostrar o canhoto com a sua escala, ele disse ser inaceitável cumprir o horário. A jornada de trabalho começava às 6h57min e terminava às 19h16min, sendo que havia um intervalo das 12h43min às 15h43min. “É por isso que pedimos o fim do banco de horas”, afirmou o motorista.
E se os rodoviários estão cansados, o sentimento da população é um misto de revolta e resiliência. Diante das dificuldades provocadas pela greve, muitas pessoas se esforçam para encontrar alternativas e conseguir manter na medida do possível a sua rotina. Mesmo assim, é impossível evitar os transtornos trazidos pela paralisação.
“Temos hábitos e nas duas últimas semanas tudo virou uma bagunça. Tu sai de casa sem saber se conseguirá chegar ao serviço e depois precisa encontrar uma forma de voltar. É o caos”, desabafou Rosângela Bousk, moradora do bairro Cavalhada, enquanto esperava na parada a van particular que foi contratada pela empresa em que trabalha de serviços de limpeza. “Essa foi a maneira encontrava para garantir que os funcionários cheguem ao trabalho”, comentou Rosângela.
A alternativa de transporte não significa solução dos transtornos provocados pela greve. Isso porque ela precisa acordar bem mais cedo e o retorno é uma incógnita. “Na semana passada teve um dia que saí de casa às 6h e só voltei às 23h, porque a van estragou na metade do caminho”, desabafou.
Ao lado dela, Leandro Perroni demonstrava preocupação com o que pode vir a acontecer se a greve se manter. “Cada dia que passa as pessoas ficam mais estressadas. Acho o povo gaúcho calmo, mas tenho a sensação de que nos tornamos uma bomba relógio prestes a explodir”, disse.
É compreensível essa declaração. Sem ônibus, muitas pessoas se submetem a situações arriscadas e complicadas, como lotações, vans escolares e transportes alternativos completamente lotados. E no meio da agitação, há quem encontre formas de tirar vantagem, como um ônibus autodenominado “geladinho”, que oferece um refresco importante nestes dias de altas temperaturas na capital gaúcha.

Fonte: Mauren Xavier / Correio do Povo
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