quinta-feira, 3 de abril de 2014

Educação sem luz

Com split em todas as salas, escola estadual de Campo Bom luta por rede elétrica adequada para ligar aparelhos

Estado gastou R$ 397 mil em obra que não resolveu impasse e voltou a deixar alunos sem aula

Estrutura ruim também impede, há três anos, uso do laboratório de informática
Estrutura ruim também impede, há três anos, uso do laboratório de informáticaCharles Dias / Especial
Salas com split e TV e um laboratório de informática com 40 computadores novos. Dona de estrutura de dar inveja até a colégios particulares, a escola estadual La Salle, em Campo Bom, tem tudo. Mas não há luz.
Há três semanas, 900 alunos estão sem aula devido à falta de energia elétrica. A fragilidade, constatada desde 2008, persiste sem solução mesmo após o Estado gastar R$ 397 mil em uma obra emergencial que, além de não resolver a situação, permitirá que se use menos de  70% dos equipamentos.
O colégio ficou sem aulas após os bombeiros interditarem o local, diante do risco. Desde então, a tentativa de resolver o impasse esbarra na burocracia. Em março de 2013, quando houve um princípio de incêndio, a escola teve assegurada uma reforma na rede.
Contratado emergencialmente, o serviço foi feito pela Porto Redes Construções e Instalações Ltda, empresa investigada naOperação Kilowatt, que apura suspeitas de irregularidades e fraudes em obras no Estado.
O projeto, elaborado pela Secretaria de Obras, custou R$ 397 mil, valor que foi pago à empresa. Mas o colégio seguiu sem poder usar toda a infraestrutura. E pior: há três semanas, teve um novo problema na rede elétrica.
Laudo da 2ª Coordenadoria de Educação apontou que a caixa de energia pegou fogo por uma sobrecarga e recomendou a construção de uma subestação elétrica, mesma análise da AES Sul. O problema é que isso não foi constatado no projeto de reforma.
— Tenho um sentimento grande de frustração. A gente faz tudo pela escola, temos os melhores equipamentos, conquistados com méritos, e ficamos preso à burocracia e ao descaso. É revoltante trabalhar assim — afirma Silvia Soares, diretora da escola La Salle.
A situação tem revoltado pais e alunos, que já organizaram dois protestos na cidade e denunciaram o caso ao Conselho Tutelar, ao Ministério Público e à Assembleia Legislativa. O deputado Lucas Redecker (PSDB) enviou ofício ao procurador-geral de Justiça, Eduardo de Lima Veiga, apontando indícios de que a obra foi mal feita.
— Estamos fazendo tudo que está ao alcance. Não podemos deixar que a educação dos nossos filhos seja lesada pela ineficiência do Estado — afirma Simone Kirst, mãe de uma aluna.
Durante a semana, a empresa fez ajustes na obra, mas ainda é preciso que o Corpo de Bombeiros dê aval para liberação. Cansada de esperar, a direção decidiu retomar as aulas hoje. Por precaução, porém, não vai ligar dois computadores ao mesmo tempo, muito menos os splits.
Estado admite que obra não resolveu dificuldade
Diretor-geral de obras da Secretaria de Obras do Estado, Éderson Machado afirma que o reparo emergencial feito na escola após o princípio de incêndio ocorrido há três semanas não resolverá todo o problema, mas permitirá a volta dos alunos às aulas com segurança.
Também frisa que o reparo pós-incêndio não teve custo extra. Sobre a elaboração do projeto de reforma, no ano passado, destaca que pode ter havido “algo no caminho” desde o pedido feito pela escola até a execução da obra:
— Fazemos um projeto-padrão em todas as escolas levando em consideração as informações repassadas pela instituição.
A diretora de administração da Secretaria de Educação (Seduc), Sônia da Costa, explica que o impasse mais recente ocorreu porque a entrada de energia ainda estava ligada na parte antiga da rede. Disse, ainda, que o projeto realizado no ano passado previa uma reforma que mantinha a escola com a mesma capacidade elétrica — apesar de a direção da escola alegar que havia pedido a ampliação –, e frisou que um reforço na estrutura depende de outro processo, ainda sem previsão:
— Vamos pensar em um novo projeto somente após a conclusão desta etapa emergencial.
Engenheiro da Porto Redes e responsável pela obra, Ricardo Friedrich explica que a empresa não pode ampliar a capacidade da rede da escola sem ter um projeto que calcule a demanda elétrica necessária. Ele garante, porém, que não há risco de um novo incêndio:
— Instalamos cabos que permitem uma capacidade de 174 amperes, e o disjuntor cairá quando chegar ao limite de 120. Mas isso não quer dizer que escola poderá usar os splits, por exemplo.
Sobre o pagamento à empresa – mesmo com a obra registrando problemas pouco tempo depois de pronta –, tanto Machado quanto Sônia não souberam dar detalhes da vistoria para comprovar o serviço.
O diretor-geral de Obras, no entanto, observou que a situação da escola La Salle é a mesma de “outras várias no Estado”, na qual, segundo ele, a direção compra splits e outros equipamentos e os liga em uma rede sem capacidade para tanta demanda.
Fonte: Zero Hora

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Mudança de atitude de alunos melhora notas em português e matemática

Curiosidade, persistência, responsabilidade e espírito colaborativo são características que melhoram o desempenho dos alunos em português e matemática. Um estudo realizado pelo Instituto Ayrton Senna mostra que o desenvolvimento dessas características ao longo da vida escolar impacta diretamente no aprendizado dessas disciplinas.
Chegar a essa conclusão foi possível após um questionário piloto ser aplicado a 25 mil alunos do 5° ano do ensino fundamental, 1° e 3° do médio, da rede estadual do Rio de Janeiro, em outubro do ano passado. As perguntas não tinham resposta certa ou errada, mas múltiplas alternativas que representavam, a partir de uma escala de pontos, determinadas dimensões de comportamento. Entre as questões estavam indagações como: "Quanto você consegue prestar atenção nas aulas?", "Consegue estudar mesmo tendo outras coisas interessantes para fazer?" e "Quanto você é esforçado?".
O questionário foi batizado de Senna, abreviação invertida de Avaliação Nacional das Não Cognitivas e Socioemocionais, e levou em conta, primeiro, cinco grandes domínios da personalidade: abertura a novas experiências, conscienciosidade, extroversão, neuroticismo e amabilidade. E acrescentou um sexto: motivação e crenças (veja a explicação de cada um no infográfico abaixo).
Para poderem relacionar os dados levantados pelo Senna com o desempenho dos alunos nas disciplinas regulares, foi usado o resultado do sistema de avaliação de português e matemática da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. Assim, foi possível cruzar os resultados e entender, dentro dessa amostragem, quais as habilidades socioemocionais mais presentes nos resultados dos alunos com melhor desempenho nessas disciplinas.
Com base nesses dados, o relatório aponta que, se um estudante que tenha nota de conscienciosidade no pior quartil de resultado – aquele que desiste fácil de seus objetivos, sem foco e pouco organizado – for estimulado e chegar ao maior nível dessa habilidade, ele melhora seu desempenho em matemática o equivalente a 4,5 meses de aprendizado.
O professor carioca Rafael Procopio, 30, é o criador do Matemática Rio, canal do YouTube com vídeos gratuitos de matemática voltado para o ensino médio e fundamental. O canal tem mais de 40 mil inscritos e produz vídeos que oferecem conteúdo objetivo e acessível

Abertura a novas experiências melhora português

Em português, as habilidades socioemocionais que trouxeram mais benefícios para o aprendizado da disciplina foram a abertura a novas experiências, que engloba a criatividade e imaginação, por exemplo, e motivação, precisamente sobre o quanto o indivíduo relaciona suas decisões pessoais com acontecimentos externos.
Ainda em português, a pesquisa também relata que, levando em conta apenas os alunos do 5° ano do fundamental, a conscienciosidade também tem um papel importante. Já a extroversão tem efeito negativo para estudantes do 1° e 3° ano do ensino médio. Segundo a literatura internacional sobre o tema, é difícil de se identificar o efeito da extroversão sobre resultados educacionais.
Com essa primeira amostragem, foi feito um trabalho de aprender como fazer a medição dessas habilidades, segundo Daniel Santos, economista especialista em impacto de políticas voltadas à primeira infância, autor do estudo junto com Primi. "O que existia até então era uma evidência grande da importância dessas competências para o futuro e que a escola é capaz de modificá-las, isso já justifica medi-las e repassar a informação. Agora o como essas informações vão ser usadas ainda precisa de amadurecimento."
Fonte: UOL Educação

Professores da rede municipal de Natal entram em greve a partir de quinta

Valorização do professor: Equiparar o rendimento médio dos profissionais do magistério das redes públicas de educação básica ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência do PNE 
Os professores da rede municipal de ensino de Natal decidiram nessa segunda-feira (31) deflagrar greve por tempo indeterminado. Segundo o Sinte-RN (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública), filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores),  a paralisação está programada para iniciar na próxima quinta-feira (3).
Os professores pedem a implantação do terço de hora-atividade da carga horária total, de acordo com a Lei do Piso Nacional, que estipula 1/3 da carga horária para atividade extraclasse e 2/3 em docência, a redução da carga horária de 20 horas para 13 horas em sala de aula ou a oficialização da carga horária de 24 horas, a concessão de intervalo aos educadores infantis e a unificação das cargas horárias.
Atualmente a carga horária dos educadores infantis é de 40 horas semanais, porém 10 horas são destinadas a atividades foram da sala de aula. Já os professores têm a carga horária de 20 horas semanais e estão com a carga aumentada para 24 horas, das quais 16 horas são cumpridas em sala de aula.
Segundo o coordenador do Sinte-RN, José Teixeira, a SME (Secretaria Municipal de Educação) já vem pagando hora extra, mas de forma não oficial. "Queremos que a secretaria oficialize o pagamento das horas-extras institucionalizando a jornada de 24 horas [semanais], além do pagamento das horas excedentes aos supervisores, pois eles estão fora de sala de aula, mas cumprem a mesma carga horária dos professores e planejam juntos as atividades extra classe", disse Teixeira.
Na quinta-feira (3) a categoria realizará uma nova assembleia, às 8h, na Assen (Associação dos Subtenente e Sargento do Exército em Natal), para definir estratégias e ações para o movimento grevista.
Atualmente a rede municipal de ensino conta com 3.500 professores e 700 educadores. Natal possui 154 escolas municipais de 70 creches.

Secretaria não foi notificada da paralisação

A SME (Secretaria Municipal de Educação) informou ainda que não foi notificada oficialmente sobre a paralisação. A SME considera que os professores não têm motivo para entrarem em greve, pois as reivindações do Sinte-RN já teriam sido atendidas.
A secretaria destacou que já está cumprindo o terço de hora-atividade extra classe remunerado para os professores com o pagamento de 4 horas extras, a progressão de letras para todos os educadores infantis que tem graduações, melhorias em 145 das 154 escolas do município, e o pagamento R$ 7 milhões relativos às progressões e vantagens dos professores do ensino fundamental que estavam em atraso, além do pagamento de hora extra para os educadores.
A SME informou também que os educadores já estão recebendo 10 horas de atividades extraclasse.
Fonte: UOL Educação

terça-feira, 1 de abril de 2014

Estudantes brasileiros têm baixo desempenho em avaliação internacional de lógica

Brasília - Alunos de escolas públicas participam de preparação especial para competições internacionais
Alunos de escolas públicas participam de preparação especial para competições internacionaisElza Fiuza/Agência Brasil

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou hoje (1°) o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) que testou a habilidade de estudantes de 15 anos em resolver problemas de raciocínio lógico relacionados a situações práticas do cotidiano. O Brasil ocupa o 38° lugar entre os 44 países que tiveram a habilidade de seus estudantes avaliada.
Aplicado a cada três anos e voltado para leitura, ciências e matemática, o Pisa avaliou 85 mil estudantes e, pela primeira vez, mediu a capacidade de resolução de problemas mais elaborados de lógica e raciocínio. No Brasil, menos de 2% dos estudantes avaliados atingiram a performance máxima na solução dos problemas. O relatório da OCDE registra que, no país, as meninas tiveram desempenho melhor que o dos meninos e que a situação socioeconomica do estudante também tem impacto no resultado.
Os países que lideram o ranking da OCDE são Cingapura, Coreia do Sul e Japão. As três últimas posições são ocupadas por Uruguai, Bulgária e Colômbia.
Nos testes, os estudantes executaram tarefas em um aparelho MP3, tiveram que usar o controle remoto de um aparelho de ar-condicionado para controlar condições de temperatura e umidade e simular a compra de um bilhete de trem em um teclado sensível ao toque.
Em dezembro do ano passado a OCDE havia divulgado resultados do Pisa 2012 que mostram que, entre os 65 países comparados, o Brasil ficou em 58º lugar no desempenho dos estudantes nas três áreas de conhecimento avaliadas.

SESI condenado por "descarte de empregada doente"

cancer-de-mama.jpg
O SESI - Serviço Social da Indústria foi condenado, em primeiro grau, a reintegrar empregada, bem como a pagar R$ 8 mil como reparação por danos morais, em razão de despedida no momento em que a obreira está em pleno tratamento de câncer de mama.

Ela, há mais de 20 anos, trabalhava como assistente social da entidade, na unidade da cidade de Novo Hamburgo (RS).
Na sentença, a magistrada Ivanise Marilene Uhlig de Barros entendeu que a despedida de empregado, pelo SESI, "no momento em que está em pleno tratamento de câncer é fato puramente discriminatório". Cabe recurso ao TRT-RS.
O julgado monocrático concedeu a antecipação da tutela, "determinando a imediata reintegração da reclamante ao emprego, o qual deverá ser procedido no prazo máximo de cinco dias a contar da intimação da sentença, sob pena de multa diária de R$ 250,00". Essa tutela tinha sido indeferida quando a ação começou a tramitar, em 15 de julho de 2013.
O SESI é uma rede de instituições privadas brasileiras e de atuação em âmbito nacional. Foi criado em 1º de julho de 1946 com a finalidade de promover o bem-estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador que atua nas indústrias, de sua família e da comunidade na qual estão inseridos, em geral.
As contribuições para o SESI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) estão previstas em quatro decretos-leis, a partir de 1942. Segundo estas normas, as referidas contribuições são devidas pelos estabelecimentos industriais, enquadrados como tais pela Confederação Nacional da Indústria, em vista do que são obrigados ao "pagamento de um contribuição mensal para o financiamento da assistência social aos industriários e seus dependentes e para a montagem e custeio das escolas de aprendizagem".
Em seu saite atual, o SESI anuncia implementar "soluções em educação, saúde, esporte, cultura e cidadania".
Detalhes do caso judicial
* A empregada descobriu estar acometida de câncer de mama em 15.10.2012.
* Em 23.11.2012 ela realizou cirurgia para a retirada do tumor, mas pouco depois constatou novos focos da doença.

* Em 02.07.2013, o SESI despediu a reclamante, mesmo tendo conhecimento do andamento do tratamento, bem como que sua doença era tida como grave.

* A reclamante, 52 anos de idade, pediu judicialmente a reintegração, bem como indenização por dano extrapatrimonial, com base na Lei nº 9.029/95, Convenção nº. 111 da OIT, Súmula nº 443 do TST, bem como na Constituição Federal.
* A sentença definiu que “o descarte de empregado doente, como se valor algum tivesse, simplesmente pela sua atual condição e para a qual sequer contribuiu, afronta aos comezinhos princípios de respeito ao próximo e de sua dignidade porquanto lhe priva de sua fonte de sustento e da sua possibilidade de se sentir útil e produtivo”.

* A magistrada referiu haver nos autos prova de que já houve caso semelhante ao da reclamante dentro do SESI, ocorrido logo após o retorno de uma empregada ao trabalho, após a cessação de auxílio doença previdenciário.
* O advogado Rafael Brum atua em nome da trabalhadora.
Fonte: Espaço Vital

R$ 50 milhões da Brasil Telecom para Mauricio Dal Agnol

DSC04517.JPG

Tal qual a mensagem dos editais judiciais, Mauricio Dal Agnol está em lugar incerto e não sabido

A Polícia Federal de Passo Fundo (RS) investiga um contrato particular milionário entre a empresa Brasil Telecom - atual Oi - e o advogado gaúcho Maurício Dal Agnol, que está sendo procurado pela Interpol.

A empresa - segundo a PF - teria tido participação no esquema que enganou clientes de ações judiciais e pode ter desviado mais de R$ 100 milhões de cerca de 30 mil pessoas, como mostrou ontem (31) uma reportagem exibida no telejornal RBS Notícias.
Segundo a PF o contrato foi encontrado dentro de um compartimento escondido na casa do advogado, durante a Operação Carmelina, deflagrada para investigar o golpe. Dal Agnol representava clientes em ações contra a Brasil Telecom. Esta - segundo o documento - pagou R$ 50 milhões para que o advogado realizasse acordos - com titulares de ações - que beneficiassem a empresa.

Diz o delegado Mauro Soares de Moraes que "o primeiro item que nos chamou atenção foi esse, partes com interesses contrários e em momento algum se viu a participação dos reais detentores daquele direito. As pessoas que deram procuração para esse advogado atuar em juízo em momento algum foram consultadas sobre esses acordos e tampouco receberam qualquer tipo de valores, caracterizando, em tese, diversos delitos".

Além dos R$ 50 milhões antecipados, o contrato previa que Dal Agnol receberia ainda metade de todo o valor que conseguisse recuperar dos clientes. A outra metade seria devolvida à empresa, que até 2009 já havia sido condenada pela Justiça a pagar R$ 638 milhões em indenizações.
"Esse acórdão tem ilicitudes do início até o final. Lesou milhares de pessoas e estarreceu não só a mim, como também a membros do Judiciário e do Ministério Público pela forma como foi feito", destaca o delegado da PF Mário Vieira, responsável pelo caso.
Dal Agnol e a mulher dele, também suspeita de participar do esquema, estão foragidos desde 21 de fevereiro. As últimas notícias que se tem do advogado é que ele foi visto em Cuba, participando de um evento internacional que reuniu apreciadores de charutos cubanos.
Contraponto
Ao saite G1, em contraponto, a Oi Brasil Telecom sustentou por meio de nota que os contratos estabelecidos pela empresa são "juridicamente perfeitos" e "estabelecidos estritamente dentro do que determina a lei".
A empresa arrematou afirmando que "todos os acordos judiciais referentes ao episódio mencionado pela reportagem do telejornal RBS Notícias foram celebrados no âmbito do Judiciário e homologados em juízo".
Fonte: Espaço Vital

EDUCAÇÃO NO CAMPO - Prefeitura deverá ouvir comunidade antes de fechar escolas rurais, indígenas e quilombolas


Agora é lei. Para fechar escolas de educação no campo, indígenas e quilombolas, a decisão tem que passar por uma manifestação da comunidade escolar. O Congresso Nacional decretou e a presidenta Dilma Rousseff sancionou nesta quinta-feira, 27, a Lei 12.960, publicada no Diário Oficial da União, que altera o artigo 4º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/1996).

A lei estabelece que antes de fechar escola da educação básica pública que atenda estudantes residentes no campo, indígenas e quilombolas, o prefeito ou secretário de educação precisa ouvir o conselho municipal de educação, que é o órgão normativo e tem na sua composição representantes dos gestores e de toda a comunidade escolar. O conselho deverá receber uma justificativa apresentada pela secretaria de educação, com a análise do impacto sobre o fechamento.

Em fevereiro último, o ministro da Educação, Henrique Paim, recebeu um manifesto dos sem-terrinha, crianças do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) que participavam do 6º Congresso Nacional da organização, em Brasília. Na carta, os sem-terrinha pediam mais acesso à educação, transporte escolar e alimentação saudável.

Ao receber os manifestantes, Paim explicou às crianças sobre a proposta do governo federal que tramitava no Congresso. “Queremos colocar como condição para fechar uma escola a consulta à comunidade”, afirmou o ministro. “A comunidade precisa ser ouvida, é preciso ouvir os conselhos estaduais e municipais de educação”, completou. 

Valorização – As iniciativas do MEC para o campo têm o objetivo de garantir o acesso e a permanência na escola, a aprendizagem e a valorização do universo cultural das populações do campo. O Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo) inclui ações de apoio ao desenvolvimento de práticas de gestão, à formação inicial e continuada de professores, à educação tecnológica e de jovens e adultos e à melhoria da infraestrutura física e tecnológica dos equipamentos.

Na área de formação de professores das escolas do campo, foram criados 42 novos cursos de licenciatura em 38 universidades federais e em cinco institutos federais de educação, ciência e tecnologia. Cerca de 5 mil vagas são abertas por ano.
Por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE Campo), o MEC tem investido, desde 2012, cerca de R$ 395 milhões em manutenção, conservação e pequenos reparos de instalações, equipamentos, abastecimento de água e saneamento de escolas. Os estudantes das áreas rurais são atendidos também pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD Campo). Mais de 2,1 milhões de alunos de turmas do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental receberam obras específicas para a educação no campo em 2013. O investimento foi de R$ 37 milhões.

O campo também é contemplado pelo programa Caminho da Escola, de transporte de estudantes. Entre 2008 e 2013, o MEC investiu mais de R$ 4,4 bilhões. Em 2012, foram adquiridos 10,9 mil ônibus para as zonas rurais; em 2013, foram comprados 2.919 veículos. 

Assessoria de Comunicação Social

Acesse a íntegra da lei 12.960 

Levantamento revela falta de professores em 48,1% das escolas públicas pesquisadas

Pesquisa realizada por ZH ouviu 54 instituições nas 10 maiores cidades do Estado

Levantamento revela falta de professores em 48,1% das escolas públicas pesquisadas Carlos Macedo/Agencia RBS

Na disputa entre o governo estadual e o Cpers/Sindicato, fica a dúvida sobre se faltam – e quantos – professores nas escolas gaúchas. Conforme levantamento feito por Zero Hora, mais de um mês após o início das aulas, a carência de profissionais ainda faz com que alunos sejam dispensados e voltem para casa sem preencher uma linha sequer de seus cadernos.
As informações colhidas por ZH mostram que há estabelecimentos de ensino precisando de docentes. Das cem escolas contatadas nas 10 maiores cidades do Estado, 54 responderam ao levantamento. Destas, 26 (48,1%) precisam de professores. A carência de profissionais atinge 20 disciplinas, principalmente de geografia, história, matemática e química.
Burocracia estatal, má gestão de algumas direções e uma pitada do tradicional “jeitinho brasileiro” são as principais causas que levam o Rio Grande do Sul a ter salas de aula vazias em pleno ano letivo. Enquanto isso, mais de 12 mil aprovados no concurso do magistério esperam para assumir suas vagas.
– Iniciamos o ano faltando vários professores na escola – relatou Sônia Beretta, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Heitor Villa Lobos, de Gravataí, na Região Metropolitana.
Nos 28 estabelecimentos com o quadro de professores completo, o clima é de comemoração.
– Parece mentira, mas no momento está completo. Olha que é difícil – exaltou Cristina Feijó Ribeiro, vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Setembrina, de Viamão, ao responder a pesquisa por telefone.
A Secretaria da Educação, no entanto, rebate o número repassado pelas direções das escolas com os dados do sistema informatizado de controle de recursos humanos. Chamado de Informativo da Secretaria de Educação (ISE), ele ainda está sendo implantado, mas já mostra se houve ou não solicitação por parte da instituição.
Segundo o governo, “não há pedido no ISE” em seis das 26 escolas que informaram a ZH precisar de docentes. Nas demais, a secretaria informa que o professor está em fase de contratação ou que, para solucionar a questão, a escola fará ajustes internos na carga horária dos profissionais.
Ainda conforme o Estado, ao precisar de docentes, a direção da escola deve formalizar pedido por via eletrônica (pendrive ou CD) ou pessoalmente, na Coordenaria Regional de Educação (CRE) à qual pertence.
As direções das instituições, por outro lado, respondem que é neste momento que muitas escolas são convencidas a dar um jeito para não deixar os alunos sem aulas. Assim, em algumas situações, estende-se a carga horária dos professores em atividade ou retira-se um docente de um turma para solucionar o problema de outra.
Carência de profissionais compromete aprendizado
Neste paliativo “tapa-buraco”, as direções garantem que, enquanto não vierem mais professores, sempre haverá lacunas, atrapalhando o andamento das aulas. E aí, independentemente de faltar 7 mil docentes, como alega o Cpers, ou de se tratarem apenas de casos pontuais, como argumenta o governo, quem sofre é o aluno.
– O governo se apega ao sistema que diz que tem professor na vaga, mas se ele (professor) não vai, é porque falta professor, não adianta. Não há uma previsão, um planejamento de que, quando o professor se afastar, vai imediatamente entrar alguém na vaga – argumenta Berenice Cabreira da Costa, presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Rio Grande do Sul.
Para Fernando Becker, professor titular de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o processo de recuperação de aulas a toque de caixa  não recupera o tempo em que o conteúdo deixou de ser ensinado.
– O conhecimento é complexo. Por isso, se vai do mais simples ao mais complexo, para que o aluno dê conta aos poucos de cada passo. Não tem como queimar etapas e recuperar aquilo que se perdeu – avalia Fernando Becker.
Segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2013 e a Secretaria da Educação, o Estado tem, ao todo, 79 mil professores trabalhando na rede estadual. Em 2.570 estabelecimentos de ensino, estão matriculados 1.050.692 alunos.

QUAIS AS CAUSAS DO PROBLEMA?

Burocracia
Quando um professor sai de licença de saúde, a escola tem de dar conta de suprir a ausência dele por até 20 dias. Só depois deste prazo, ganha o direito de solicitar um novo docente à Secretaria da Educação. Para ter um novo professor, a escola precisa manter atualizadas as informações de banco de alunos e efetividade do quadro docente. Quando chamado a assumir o contrato temporário, o profissional tem 72 horas para apresentar a documentação e, só depois de publicada a aprovação, poderá assumir o cargo. Além disso, há lentidão na nomeação de mais de 12 mil professores aprovados no concurso do magistério de 2013, que ainda não foram chamados.

Jeitinho brasileiro
Na tentativa de reduzir as contratações temporárias, que já estão quase no limite do permitido para a Secretaria da Educação, o governo e as Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) incentivam as escolas a tentarem suprir a ausência de professores com o quadro atual. Em diversas situações, professores ministram aulas em disciplinas para a qual não têm formação ou estendem a carga horária dentro de sala de aula. Da parte das direções, a própria burocracia incentiva que a questão tente ser resolvida internamente, sem depender do Estado. O problema é, quando realmente falta professor, a lacuna só é transferida, mas não resolvida.

Má gestão
O secretário estadual da Educação, Jose Clovis de Azevedo, alega que parte da falta de professores tem a ver com os problemas de gestão das escolas. Segundo ele, há casos em que professores têm sobra de carga horária e, assim, poderiam assumir outras turmas.



Falta de funcionários também é comum nas instituições
A falta de funcionários para realizar outras funções, como merendeiras e serventes, é um problema constante nos estabelecimentos de ensino da rede estadual. Relatado por diretores e por funcionários durante o levantamento, o déficit de profissionais que mantêm a escola limpa e organizada impacta profundamente na rotina escolar.
– Fazem falta como o professor, e há muito tempo que o governo não abre concurso para este profissional. O Estado entende que, tendo professor, está tudo bem. Mas não é somente isso. Precisamos também do outro profissional. Acabamos nos desdobrando e não fazendo o trabalho que deveríamos fazer – comenta a vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Médio Ponche Verde, de Gravataí, Graciela Machado Bopp da Silva.
Sem monitor e orientador, a instituição, que neste ano não sofre com a falta de professores, não tem quem abra e feche o portão ou receba os pais dos alunos. 
De acordo com a Secretaria Estadual da Educação, o último concurso para os demais profissionais que atuam nas instituições de ensino foi realizado no governo Olívio Dutra, há mais de 10 anos.

Atualmente, a rede estadual tem 20.524 funcionários, sendo 14.043 efetivos e 6.481 contratados.
O secretário estadual de Educação, Jose Clovis de Azevedo, promete que um novo concurso será lançado em breve.
– De fato, falta, é real, e admitimos. Tem regiões que chamamos funcionários por contrato, e não aparece o número suficiente de pessoas. Por outro lado, a contratação de funcionários é mais lenta que a de professores porque obedece a outra legislação – explica.

ENTREVISTA: Rejane de Oliveira, presidente do Cpers/Sindicato
“São 7 mil professores que faltam”

Presidente do Cpers/Sindicato, entidade que representa os professores estaduais, Rejane de Oliveira defende que as atuais declarações do secretário da Educação, Jose Clovis de Azevedo, só reforçam a luta do Cpers no lema “Fora José Clovis”. Visto como um representante que envergonha a categoria por suas atitudes como titular da pasta de Educação, Azevedo, que é ex-sindicalista, se tornou inimigo declarado do Cpers ao dizer em entrevista à Rádio Gaúcha que a falta de 7 mil professores no Estado é um mito. Além de garantir que faltam professores em sala de aula, Rejane também classifica como calúnia a afirmação de que há professores trabalhando menos do que determina a carga horária. Por telefone, a presidente do Cpers conversou com a reportagem de Zero Hora. Leia alguns trechos da entrevista:
Zero Hora – Qual é a base de dados do sindicato para afirmar que faltam 7 mil professores no Estado?
Rejane de Oliveira – Fazemos uma levantamento, todo início do ano, com visitações nas escolas e através da visitação dos 42 núcleos. Para nós, permanece 7 mil. Não podemos fazer um número preciso porque não temos o controle. Quem tem e sabe para aonde manda o professor e onde falta é a Secretaria Estadual de Educação, que infelizmente não tem tido transparência. O governo tenta dizer que a falta de professores é um mito e, por isso, não diz (os números). Para nós, são 7 mil professores que faltam na escola e fazem com que as crianças voltem para casa. São 7 mil em que a criança não tem o direito de aula naquela escola, por falta de professores. A nossa contabilidade é essa.  

ZH – De que forma as escolas costumam avisar sobre a falta de professores à Secretaria?
Rejane – Pelo que sabemos, as escolas fazem o quadro das necessidades e apresentam na Secretaria de Educação ou na CRE. Existe um setor de recursos humanos que recebe essa solicitação, mas infelizmente este setor não repõe. A culpa não é nem do setor. A culpa é do governo, ou porque não faz concurso, ou porque não nomeia os concursados. As escolas trabalham com planilhas oficiais. O problema é que estão passando por um processo de muita repressão. Se tu pedir para uma escola, eles não vão te entregar, porque há um processo de sindicâncias que são abertas. É um governo muito repressor. As pessoas são procuradas para esconder a realidade da escola. As direções sofrem pressão e são ameaçadas.

ZH – O secretário alega que professores fazem acordos com as direções para não cumprir toda carga horária. Existe uma flexibilização neste sentido?
Rejane – Sabe, fico impressionada! Agora o secretário está tentando jogar em cima dos ombros dos trabalhadores, da direção das escolas, a responsabilidade pela falta de professores criando uma calúnia sobre eles. Os professores são obrigados a cumprir as 800 horas, os 200 dias letivos, não deixam de cumprir isso. O que o secretário está dizendo é uma falta de responsabilidade com os trabalhadores do Estado. É uma tentativa covarde de jogar nos ombros dos outros sua responsabilidade. Não existe isso de o trabalhador fazer menos carga horária, é bem ao contrário.


ENTREVISTA: Jose Clovis de Azevedo, secretário estadual da Educação
“Isso não tem nem uma base real”

Acompanhado da assessoria de imprensa e de servidores da secretaria, o secretário estadual da Educação Jose Clovis de Azevedo, recebeu a reportagem de Zero Hora na semana passada. Com informações expostas em um telão, a cúpula da educação gaúcha exemplificou algumas distorções na alegação das escolas que apontam falta de professores. Aposta de Azevedo para eliminar problemas de comunicação entre diretores e secretaria, o Informativo da Secretaria de Educação mostra se houve a demanda de professores pela instituição. Azevedo defende que a falta de profissionais é um mito e diz que alguns trabalham menos do que o determinado em contrato. No entanto, admite que os alunos podem ser prejudicados por alguns dias, enquanto ocorre o processo de substituição de professores. Confira a entrevista:
Zero Hora – Para o governo, não há falta de professores?
Jose Clovis de Azevedo – Quando digo que não há falta de professores, não estou dizendo que não vai faltar professor na escola por um dia, dois dias ou até 10 dias, para substituir o que saiu. Estou dizendo que nós temos como substituir. Tem algo fora do nosso controle que são os contratados temporários que pedem demissão. Todo dia tem 100 ou 200 que pedem demissão. Isso é um problema muito sério para nós e reconhecemos que isso significa muitas vezes o aluno ficar sem professor durante até 10 dias. Agora, isso não está na nossa governabilidade, porque herdamos o quadro de 21 mil contratados. Se aplicarmos o conceito de falta de professor em cima desses problemas, vai ter falta de professor sempre, porque, enquanto não tivermos um quadro definitivo, vai ter sempre um movimento de professores entrando e saindo.

ZH – Como a secretaria fica sabendo da necessidade de professores nas escolas?
Azevedo – Estamos implantando um sistema, pois ainda trabalhamos parcialmente e não queremos mais trabalhar com papeizinhos, nem com pedido de professor por telefone, nem por cartinha. Quando as Coordenadorias Regionais de Educação constatam que realmente falta professor, eles colocam no sistema e, quando chega para nós, divulgamos a vaga e buscamos um professor no nosso banco, que tem cerca de 20 mil pessoas. Daí, o professor tem 72 horas para apresentar toda a documentação e, depois, pode assumir. Neste prazo que a pessoa tem, pode acontecer que ela vá na escola, não goste do local e não assuma. Aí, temos de chamar outro professor, e a substituição pode demorar de oito a 10 dias.

ZH – Há alguma tentativa do governo de omitir a falta de professores? O Cpers alega que foram abertas sindicâncias contra diretores que denunciaram o problema.
Azevedo – Ao contrário. Nunca abrimos sindicância em escola pela questão de ter denunciado falta de professores. Só abrimos sindicância quando há denúncia escrita sobre algum problema na escola. Não queremos perseguir ninguém, de jeito nenhum, mas vamos ser muito rígidos no cumprimento da legislação e da carga horária de cada professor. Não menti quando disse que é mito que faltam 7 mil professores, como o Cpers disse. Isso não tem nem uma base real. Se a vaga não está no sistema, significa que ela não comprovou as informações na CRE e, se a CRE não colocou no sistema, não falta professor para nós. Muitas vezes, há um acordo para que o professor trabalhe menos horas, acordo feito às vezes no processo de eleição dos diretores, ou há a tentativa de colocar em prática a ação do Cpers para que sejam considerados períodos em sala (e não horas) e nós não aceitamos.
ZERO HORA

EDUCAÇÃO BÁSICA - Fórum internacional debate habilidades não cognitivas


Ministros da educação, lideranças educacionais e outros representantes de 14 países estão reunidos para debater como a escola pode preparar, de maneira inovadora, crianças, adolescentes e jovens para o mundo, estimulando as chamadas competências socioemocionais ou não cognitivas. O Fórum Internacional de Políticas Públicas: Educar para as competências do século XXI, acontece nesta segunda-feira, 24, e terça-feira, 25, em São Paulo.

Perseverança, colaboração, autocontrole, curiosidade, otimismo e confiança são exemplos de competências socioemocionais que devem ser trabalhadas no ambiente escolar, a fim de estimular o desenvolvimento integral da criança, do adolescente e do jovem. 

Na manhã desta segunda-feira, o ministro da Educação, Henrique Paim, debateu com os demais ministros sobre os desafios políticos, práticas de ensino e ideias inovadoras para o desenvolvimento dessas competências. “Este debate no Brasil é recente. Essas competências (não cognitivas) devem estar presentes no âmbito das políticas públicas educacionais”, disse.

O ministro afirmou ainda que programas como o Mais Educação, de fomento à educação integral, permitem trabalhar essas competências no ambiente escolar.

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Chico Soares, observou que as crianças, adolescentes e jovens brasileiros precisam desenvolver no seu período de educação básica todas as capacidades necessárias para inserção nos mundos da cidadania e do trabalho. “Isso envolve adquirir, ao mesmo tempo, conhecimentos e habilidades, cognitivas e socioemocionais”, afirmou.

Acordo – Na manhã desta segunda-feira, o MEC, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Instituto Ayrton Senna assinaram protocolo de intenções para incentivar pesquisas sobre o desenvolvimento e papel de habilidades socioemocionais no ensino. O documento prevê a criação de um programa de formação de pesquisadores e professores no campo das competências não cognitivas. Além disso, a Capes lançará, em até 90 dias, edital para a concessão de bolsas de estudos na área. “O que queremos é criar uma massa crítica neste debate sobre as competências socioemocionais”, destacou o presidente da Capes, Jorge Guimaraes.

O evento prossegue nesta terça-feira, 25, com mesas-redondas e a apresentação de iniciativas ligadas ao tema. O presidente do Inep, Chico Soares, coordena o fórum de pesquisadores no segundo dia.

O Fórum Internacional é promovido pelo Ministério da Educação, pelo Inep, pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pelo Instituto Ayrton Senna. 

Danilo Almeida
Fonte:http://portal.mec.gov.br

Seminário discute os 50 anos do golpe militar e a criminalização dos movimentos sociais






















O CPERS/Sindicato realizou na tarde desta segunda-feira 31, em Porto Alegre, um seminário que discutiu o golpe militar de 1964 e o atual processo de criminalização dos movimentos sociais no Brasil e, em especial, no Rio Grande do Sul.
A atividade foi aberta com o painel “50 Anos do Golpe Militar”, abordado por Alberto Albiero, advogado e representante da Fundação José Luis e Rosa Sundermann; Bernadete Menezes, historiadora e coordenadora geral da ASSUFRGS; e Hermengarda de Carvalho Cavalheiro, professora.




Na sequência, uma mesa composta por Mateus Gomes, representando a juventude; Neiva Barbosa, presidente do Sindicato dos Sapateiros e das Sapateiras de Novo Hamburgo; Érico Corrêa, presidente do Sindicaixa e integrante da Secretaria Estadual da CSP Conlutas; e pelos professores estaduais Guilherme Gil e Antonio Neto.

Durante o encontro foram cobradas reparações ao povo brasileiro que até hoje sofre as consequências do golpe civil militar de 1964, arquitetado pela elite empresarial do país em conjunto com as forças armadas. O golpe teve, ainda, a participação de parte expressiva da igreja católica e dos maiores grupos de comunicação da época. Como lembrou o advogado Alberto Albiero, o golpe também se deu no campo econômico. A dívida externa brasileira saltou de U$ 4 bilhões em 1964 para U$ 90 bilhões ao final da ditadura.

Já a sindicalista e historiadora Bernadete Menezes frisou o “pavor dos latifundiários da época com a reforma agrária”. Ela também salientou a dubiedade do governo de João Goulart, que entrou em descrédito com a classe trabalhadora. Segundo Bernadete, quando ele percebeu que havia perdido terreno com os trabalhadores já era tarde demais.

A professora Hermengarda de Carvalho Cavalheiro destacou o CPERS no contexto da ditadura. Lembrou da prisão de colegas no município de Pelotas e que ajudou organizar as famosas disciplinas de OSPB e Educação Moral e Cívica. Também frisou a resistência ao golpe pelo movimento sindical.

CRIMINALIZAÇÃO – Para o sindicalista Érico Corrêa, a criminalização dos movimentos sociais está ligada à ditadura militar, que contou com o apoio de parte da sociedade, da mídia e da igreja. “Sabemos que conforme as lutas avançam, avança também a repressão”. Segundo ele, nestes últimos dez anos, no Brasil, uma média de 30 ativistas foram mortos, sem considerar aqueles que são presos e torturados.

Para Mateus Gomes, em referência ao golpe, são 50 anos de impunidade. Destacou que durante a Copa do Mundo terá luta. É importante que as lutas sejam vistas no período. Mas adverte que o período da Copa será de exceção. Falou das leis aprovadas pelo governo federal que fortalecem a repressão aos movimentos sociais durante os jogos.
A sindicalista Neiva Barbosa lembrou o assassinato, pela Polícia Militar, do sindicalista Jair da Costa, em Sapiranga. Disse que até hoje lideranças sindicais sofrem ameaças quando se reportam ao caso. Também lembrou a morte do sem terra Elton Brum, também assassinado pela polícia gaúcha. 

O professor Guilherme Gil salientou que o inimigo daquela época, o capitalismo, continua o mesmo nos dias atuais. “Enquanto houver resistência a esse sistema, casos como o de Jair da Costa continuarão existindo”, lembrou. Conforme o professor, a democracia atual é burguesa, que reprime, criminaliza, prende, tortura e mata.

Por sua vez, Antonio Neto frisou que existe efetivamente um movimento de criminalização da pobreza no Brasil. Concluiu chamando para a unidade dos lutadores durante a Copa do Mundo.

Fonte: Site CPERS

M A N I F E S T O

Seminário 50 anos do Golpe Militar e 
Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais


Há 50 anos, em 1964, o exército brasileiro foi utilizado por forças políticas conservadoras e grandes grupos econômicos internacionais e nacionais para impedir o avanço da luta popular por direitos básicos que faltam até os dias de hoje.

Os golpistas contaram com o apoio direto do governo dos EUA, de grandes empresas capitalistas, dos maiores veículos de comunicação do país na época, de setores reacionários da igreja católica e de outras entidades conservadoras. Segundo eles, o golpe se justificava pelo avanço do comunismo, propaganda esta fartamente utilizada no contexto da guerra fria no mundo influenciado pelos EUA.

Durante 21 anos esses grupos se utilizaram da ditadura militar para garantir os interesses das grandes empresas multinacionais, em especial as norte-americanas, e também das famílias ricas e conservadoras do Brasil. Para fazer isso, impuseram um regime que torturou e assassinou milhares de pessoas. Foram muitos estudantes, operários, intelectuais, artistas, camponeses e outros tantos brasileiros que passaram pelas salas do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) por arbitrárias seções de tortura e prisões pelo simples fato de discordarem do governo militar. Muitos foram, inclusive, mandados para o exílio.

Hoje, passados 30 anos desde o fim do regime militar, os torturadores e os militares envolvidos sequer foram punidos. A Comissão da Verdade, de forma tímida, procura esclarecer os muitos casos de desaparecidos, cujas famílias ainda buscam seus restos mortais. Não restam dúvidas de que a democracia e o estado de direitos são os caminhos a serem seguidos.

Preocupa, no entanto, o aumento da repressão verificada, sobretudo, a partir das manifestações de junho de 2013. Período marcado pelo uso sistemático e aberto de leis criadas ainda na ditadura para criminalizar aqueles que levantam contra os desmandos dos governos de plantão. Inquéritos, processos e prisões são usados para atacar os ativistas. Os governos não se furtam de lançar mão do aparato policial repressivo nos protestos que ocorrem no país.

A impunidade verificada em relação aos responsáveis pelas barbaridades praticadas durante o regime militar, somada a utilização de mecanismos típicos daquela época nas manifestações atuais nos leva a repudiar o golpe e a ditadura militar, bem como denunciar os governos que hoje adotam as mesmas estratégias naquele período utilizadas.

Entendemos que os trabalhadores e suas organizações devem lutar para que se avance rumo a construção de um país democrático, onde os direitos da maioria não se limitem ao papel, mas que de fato sejam garantidos. A democracia exige o acesso dos trabalhadores à moradia digna, serviços públicos de qualidade, trabalho e salários condizentes com a riqueza que produzem.
Depois de 30 anos é preciso constar, ao contrário do que tentam nos fazer crer, que democracia não existe de fato para os trabalhadores e suas organizações. Prova disso é que muitos que por ela lutaram hoje se deixam cooptar.

E aqueles que desejam construir um país justo, igualitário e democrático, que não se vendem seguirão denunciando os responsáveis pelo golpe militar e exigindo suas punições. Irão continuar denunciando quem condena o passado, mas que no poder age inspirado nos métodos daquele período. Como repudiamos o golpe de 64 e suas barbaridades, dizemos, agora: Não à criminalização dos movimentos sociais.

É preciso reconhecer e utilizar as conquistas democráticas obtidas através da luta do povo brasileiro. Contudo, seria um equívoco nos limitarmos a elas. Os retrocessos ora verificados nos coloca a necessidade de unir forças para defender direitos elementares, como o direito à greve, à livre manifestação e outros tantos que estão sendo tirados, limitados e ignorados pelos atuais governantes.

Frente ao exposto, exigimos:
. Julgamento e punição imediata aos responsáveis pela tortura durante o regime militar.
. Expropriação das empresas que comprovadamente financiaram o golpe de 64 e a tortura durante o período de governos militares.
. Fim das leis e órgãos governamentais da época da ditadura e utilizados hoje para vigiar e punir quem luta.
. Chega de impunidade: julgamento e punição de quem manda e reprime as lutas dos trabalhadores por uma vida melhor.
. Fim dos inquéritos e processos que tentam criminalizar mais de mil ativistas brasileiros que ousaram desafiar a ordem imposta pelo capital, seus governos e órgãos de repressão.
. Retirada de todos os PL’s que têm por objetivo criar mecanismos de repressão, criminalização e punição e que vem se caracterizando como um AI-6 deste governo, medida que visa atender aos interesses da FIFA.

LUTAR NÃO É CRIME. VIVA A LUTA DA CLASSE TRABALHADORA!
VAI TER LUTA ANTES, DURANTE E DEPOIS DA COPA!