segunda-feira, 24 de setembro de 2012


Jovens são vítimas da violência em Canoas 

Assaltos e roubos ocorridos no entorno de escolas preocupam a comunidade e podem traumatizar crianças e adolescentes.

Laira de Souza Sampaio - 22/09/2012 18:35

Assaltos ocorridos no entorno de escolas têm preocupado a comunidade de Canoas. Especialistas apontam que a convivência com a violência pode gerar traumas em crianças e jovens. No Centro da cidade, por exemplo, a situação está sendo vivenciada por pais e alunos da Escola Estadual André Leão Puente.

Eles reclamam dos constantes assaltos e roubos sofridos pelos estudantes. Uma das vítimas foi uma jovem de 15 anos, assaltada na última semana, na rua Coronel Vicente, quando voltava para casa, por volta das 11h50min. Sob a ameaça de um revólver, ela foi obrigada a entregar o celular. "Minha filha chegou chocada, chorando, quase desmaiando", conta a mãe.

A coordenadora da 27ª Coordenadoria Regional de Educação, Lúcia Barcelos, diz que não recebeu reclamações sobre tais incidentes. Porém, reforça que, como não acontecem dentro da escola, muitas vezes os alunos não avisam a direção, e o fato acaba não chegando até ela. "Mas, diante do relato que vocês receberam, vou passar aos diretores de todas as escolas que conversem com os estudantes para que comuniquem quando roubos e assaltos acontecerem."

Os assaltos e roubos a estudantes não se restringem a essa escola. Conforme o comandante do 15º Batalhão de Polícia Militar de Canoas, tenente-coronel Mario Ikeda, outras instituições do Centro também sofrem com a ação e já informaram a corporação. Segundo ele, não há efetivo para estar presente em todos os colégios nos horários de entrada e saída dos estudantes. Explica que a Brigada Militar realiza patrulhamento motorizado, que circula entre os colégios em horários alternados. "É importante que a comunidade registre os fatos para que possamos mapear os casos e intensificar o policiamento nas áreas com maior ocorrência."

Psicóloga especialista em psicologia escolar e educacional, Maria da Graça de Souza Moraes observa que a violência gera medo nas crianças e jovens e, consequentemente, reflexos diretos nos estudos. "Os estudantes já vão para a aula com medo e ficam pensando como vai ser no horário da saída. Isso pode prejudicar os estudos, já que ele não consegue se concentrar", ressalta a professora da Ulbra. Tanto escola quanto família devem desenvolver medidas protetivas. Em casos mais graves, o medo da violência pode causar agressividade e patologias traumáticas, já que o jovem ainda está em desenvolvimento e precisa de proteção.

A doutora em psicologia do desenvolvimento e cultura e professora da Ufrgs Clary Milnitsk Sapiro afirma que atualmente a violência é quase um valor inerente à sociedade. "Não que a sociedade queira consumir a violência, mas, como ela se apresenta hoje, acabam convivendo." Segundo Clary, o grande perigo da violência para o jovem é que este acabe dessensibilizado, pois, quanto mais exposto à violência, mais ele se familiariza com ela e pode se tornar uma pessoa com atitudes violentas. "Os adultos, que devem proteger, não estão organizados, nem dentro, nem fora da escola. Quanto menos protegidos, mais a criança e o adolescente vão buscar meios para se proteger."

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