quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Negros ainda são as principais vítimas da violência

São 25 mortes a cada cem mil negros e a relação para não negros é de 18

Marcelo Kervalt

Rio Grande do Sul  - O trabalho era árduo nos sete dias da semana. Períodos de descanso eram raros e a comida, quando vinha, era produzida a partir de restos. Assim era a realidade dos negros no Brasil até 13 de maio de 1888, quando o regime de escravidão foi abolido.

No entanto, passados 125 anos, os reflexos desta época ainda são sentidos. “Os negros perdem oportunidades de trabalho, ganham salários menores e são discriminados apenas por sua cor. Nossa sociedade ainda é muito racista”, afirma a pedagoga Marilene Leal Paré.

A opinião da especialista é reforçada pela pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo diz que a taxa de homicídios de negros no Rio Grande do Sul é de 25 mortes por cem mil negros, a relação para os não negros é de 18.

A entidade diz ainda que, na esfera nacional, a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que a de um branco. Outro estudo, porém do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que a população negra ganha, em média, 36,1% a menos que os demais brasileiros.

São dados como estes que o Dia da Consciência Negra, comemorado hoje, busca combater. A data é marcada pela luta contra o preconceito racial e a favor da reflexão sobre a inserção do negro no convívio social.

Mão de obra e salário inferiores
Embora a liberdade seja garantida por lei à população negra do Brasil há pelo menos 125 anos, boa parte ainda vive em uma espécie de escravidão. A baixa inclusão da população negra na sociedade e os problemas de discriminação enfrentados por eles são resultado deste atraso histórico.

“O Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão. E isso se reflete nos dias de hoje, pois, em algumas regiões, como no Nordeste, a relação de poder estabelecida por brancos com os negros ainda é muito forte”, destaca Marilene.

O relatório do Dieese mostra que a inferiorização da mão de obra negra independe da região onde mora ou de sua escolaridade. Segundo o estudo, a diferença salarial e de oportunidades de trabalho são ainda maiores nos cargos de chefia. Segundo a Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia (Diest), o negro é discriminado duas vezes: pela condição social e pela cor da pele.
Fonte: Diário de Canoas

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